Abuso | Herança Ancestral Feminina

12-10-2024

Sejam muito bem vindas a esta leitura semanal, onde partilho ferramentas de saúde menstrual integrativa, para que possamos viver em amor e gratidão os nossos ciclos de mulher

Esta semana, em continuação com o que partilhei no artigo da semana passada Linhagem Ancestral Feminina | as Mulheres da Nossa Vida iremos aprofundar o tema da nossa linhagem ancestral feminina, reconhecendo uma das dores que mais sofrimento nos tem trazido, ao longo da historia da humanidade.

Esta semana falamos de abuso, não apenas na forma de abuso sexual como já havia falado anteriormente aqui no blog Um apelo à União e Cura Coletiva das Mulheres, mas sim através da minha visão do porquê do abuso ter passado pelas mulheres da nossa vida, e se estar a perpetuar ao longo do tempo, ao ponto de se manifestar em nós.

Quero salientar que esta partilha vale o que vale, não é uma verdade irrefutável, mas apenas a minha crença pessoal que por a ter praticado a um nível bem profundo em mim mesma, pode ajudar muitas mulheres a iniciar o seu processo de cura de relações ou situações abusivas que lhe estejam a causar dor e sofrimento.

De uma forma ou de outra, quando falamos de abuso, falamos de uma dor coletiva pela qual toda a Humanidade, em algum lugar no tempo, já passou.

Abuso é qualquer forma de comportamento ou ação que causa dano, sofrimento ou desconforto a outra pessoa, seja de forma física, verbal, emocional, psicológica, sexual. 

O abuso pode ocorrer em diferentes tipos de relações e contextos, como em relacionamentos amorosos, familiares, no trabalho ou em situações de poder.

Sempre que alguém não respeita a nossa vontade ou os nossos limites, estará a cometer abuso.

Sempre que alguém nos humilha, envergonha, manipula ou rebaixa, estará a cometer abuso.

Como já mencionei, anteriormente, acredito em vidas passadas, acredito que vivemos várias vidas para que possamos crescer espiritualmente através da nossa experiência humana.

Seguindo esta crença e a lei universal da reciprocidade, também conhecida como lei da causa efeito, ou lei Karmica, acredito que escolhemos o que vivenciar nesta vida de forma a reequilibrar experiências, em prol de um bem maior, a expansão de vida através da energia do amor.

É importante que a lei da reciprocidade não seja vista como uma punição, ou castigo, mas sim como uma forma de equilíbrio.

Pode ser bastante controverso, a minha visão sobre abuso aos olhos de muitas mulheres que lerem este artigo; mas estas verdades levam-me a uma linha de pensamento que sustenta que tudo o que vivenciamos na nossa vida, também provém da necessidade de resignificar as experiências anteriores que tenham causado dor ou sofrimento, e tenham impedido a nossa evolução humana.

Assim sendo, acredito que se experienciamos neste vida, qualquer tipo de formas de abuso é porque de alguma forma seja em vidas passadas, seja nesta vida já abusamos de alguém, e só reconhecendo a dor que esta experiência causa, é que podemos perdoar, resignificar e curar dores tão profundas da humanidade.

Relembrar que cada um faz o seu melhor com o que tem, que tudo pode ser passível de ser amado é outra lição extremamente valiosa para superar a dor causada por relações abusivas, ou episódios de abuso.

Como assim?

Brian Weiss, psiquiatra conhecido pelos seus livros sobre vidas passadas, compartilhou em "Many Lives, Many Masters", casos em que os seus pacientes, durante sessões de hipnose regressiva, se lembravam de serem vítimas ou perpetradores de abusos em vidas passadas.

Estas memórias permitiram transformações profundas em muitos destes pacientes, afirma Weiss que

"Quando nos deparamos com memórias de abusos ou violência, não estamos apenas revisitando o passado, mas também explorando as profundezas do nosso inconsciente, onde guardamos sentimentos de culpa, vergonha e medo.
Ao confrontar essas memórias, mesmo que simbólicas, permitimos que a cura ocorra em níveis mais profundos."

Outra razão para experienciarmos abuso, é o facto de o praticamos em nós mesmas, a grande maioria das vezes sem nos darmos conta.

Praticamos abuso em nós mesmas, sempre que ultrapassamos os nossos limites saudáveis (ver artigo -Limites Saudáveis), e sempre que vestimos uma personalidade que não corresponde à verdade da nossa evolução espiritual.

Acredito que esta ultima, é uma das formas mais difíceis de identificar abuso na nossa vida, porque ao longo da nossa idade adulta vamos carregando em nós, uma espécie de identidade de camadas de defesa que servem o nosso ego, mas que na verdade são exatamente o contrário da experiência que nos propusemos viver para a nossa evolução.

E como é que tudo isto, se alinha de geração em geração, para que estejamos a sofrer o que as mulheres da nossa vida também sofreram?

Há muito que a mulher foi colocada no lugar de servir, não enquanto ser criativo e intuitivo ao propósito da vida da comunidade, mas sim enquanto ser submissa que se resigna à força e poder exterior.

Muitas das mulheres da nossa linhagem sofreram abuso, que ao não ser resolvido, não foi resignificado.

Quando o abuso se perpetua na nossa geração, há um convite da vida para abraçar um caminho de consciência coletiva de cura da culpa, vergonha e medo, de forma a libertar a nossa linhagem que se manifeste em dor.

No entanto este caminho de libertação da culpa e vergonha, é um caminho profundo no autoconhecimento e na essência cíclica da mulher, onde será preciso despertar a força do perdão.

Não o perdão por quem cometeu o abuso, já anteriormente noutros artigos, partilhei que não existe o perdão ao exterior, mas sim o perdão por nós mesmas.

Precisamos perdoar-nos por vivenciar situações que não queríamos de forma nenhuma vivenciar.

Para além do perdão, vamos ser chamadas a nos amarmos incondicionalmente (ver artigo sobre amor próprio - Amor Próprio: A Base para uma Vida Saudável ) . É importante sentir amor por nós mesmas, para nos podermos perdoar, de outra forma não vamos conseguir resignificar uma experiência tão dolorosa como o abuso.

Muitas mulheres aceitam diariamente ser manipuladas, humilhadas, agredidas, por medo de serem excluídas, e aqui é preciso reforçar que agressão verbal e manipulação emocional, é pura violência, e terá consequências sérias na nossa vida, a nível de autoestima e autoconfiança.

Precisamos de coragem para sair destas situações de abuso, e falar a verdade a nós mesmas.

Precisamos de ter consciência que estamos a passar por abuso, e deixar de normalizar agressões com o síndrome da boazinha.

Precisamos cada vez mais de ter a coragem de denunciar casos de abuso, para que a culpa e a vergonha passem para o lado de quem abusa e deixem de circular nas nossas células; como nos mostra a corajosa Gisèle Pélicot, vítima de violação por mais de 10 anos, por parte do marido que a drogava e convidava outros homens a usufruir do seu corpo, em total perda de consciência.

Se este tema é especialmente suscetível, e precisas de desabafar, precisas de curar essa dor, não hesites em entrar em contacto comigo para iniciarmos um processo de acompanhamento individual através do programa.

Espero que este artigo vos ajude a refletir, na origem das nossas dores através da nossa linhagem e da humanidade que todas criamos por escolhermos ser quem somos.

Amor e Gratidão

Su

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