Dons da Linhagem Feminina
Conexão com os ciclos da vida
Sejam muito bem vindas a esta leitura semanal, onde partilho ferramentas de saúde menstrual integrativa, para que possamos viver em equilíbrio os nossos ciclos de mulher.
Tal como prometido, no último artigo, em que vos expliquei a minha intenção com todos estes artigos de Outubro, sobre nos conectarmos com a nossa linhagem ancestral feminina, esta semana iremos aprofundar o segundo dom que acredito termos indiscutivelmente herdado das mulheres que nos antecederam.
Ao contrário do dom de que falámos a semana passada, que facilmente sabemos que temos independentemente de nos sentimos ou não corajosas (ler artigo sobre coragem), o dom de que vos falo esta semana é algo que parece ter ficado adormecido no tempo da história da sabedoria cíclica das mulheres.
Esta semana vamos relembrar, a conexão que herdámos das nossas ancestrais, que viviam em profunda harmonia com a natureza e com os ciclos da vida, pois sem esta memoria ativada dificilmente iremos viver em equilíbrio (ler artigo sobre saúde holística - Ginecologia Natural: Princípios Fundamentais) nos nossos corpos de mulher.
Sem dúvida que, a conexão com a natureza nos remete a uma conexão profunda com os ensinamentos guardados nos ciclos da vida, e esta é uma das mais profundas heranças deixadas pelas nossas ancestrais femininas.
Esta relação não se restringe apenas ao conhecimento do funcionamento do nosso corpo físico, mas também ao entendimento de que os processos naturais, como os ciclos da lua, os ciclos das estações do ano, e até os ritmos da vida, estão interligados com a energia feminina.
Para compreendermos melhor esta conexão, partilho convosco a sabedoria das praticas das nossas ancestrais:
- Ciclos Menstruais e Ciclos da Lua
Desde que a mulher se conhece como mulher, que o ciclo menstrual é associado aos ciclos da lua, pelas mensagens que cada uma das fases da lua nos trazem sobre cada uma das fases do nosso ciclo interno.
Cada fase da lua reflete diferentes energias:
- Lua Nova: associada à menstruação fala-nos de novos começos e de plantar sementes.
- Lua Crescente: associada à pré-ovulação fala-nos de crescimento e desenvolvimento.
- Lua Cheia: associada à ovulação, fala-nos de expansão, celebração e concretização.
- Lua Minguante: associada à pré-menstruação fala-nos de reflexão e encerramento de ciclos.
Reconectarmo-nos com as fases da lua, quer estejamos ou não na nossa idade fértil, serve como bussola para o conhecimento de padrões que repetimos ciclo após ciclo.
Atualmente, já muitas mulheres resgataram estes conhecimentos como uma forma de equilibrar as suas vidas e honrar seu próprio ciclo biológico.
2. Analogia entre o Ciclo Menstrual e Estações do ano
As estações do ano também se refletem nos processos internos que as mulheres experienciam através dos seus ciclos internos.
Esta conexão pode ser vista da seguinte forma:
Primavera associada à pré-ovulação, fala-nos de renascimento, de fertilidade, sendo um momento de renovação e novos começos.
Verão associado à ovulação, fala-nos do auge da vitalidade e expansão de energia.
Outono associado à pré-menstruação, fala-nos de colheita, do início da introspecção, preparando-se para a quietude.
Inverno associado à menstruação, fala-nos de descanso, da morte simbólica e do reabastecimento para novos começos.
Antigamente, as Mulheres honravam a mãe Terra, através de rituais de agradecimento e celebração das colheitas, reconhecendo que cada estação tinha as próprias lições e energias.
3. Processo criativo da Mulher e da Terra
A gestação, é um ciclo vital que permite a perpetuação da nossa espécie, este ciclo está profundamente conectado com o ciclo da vida, morte e renascimento; que também vemos na natureza.
O processo de conceber, nutrir e dar à luz reflete a própria Terra, que nos oferece sementes, flores e frutos como sustento.
Assim sendo durante muito tempo da história da humanidade, em algumas civilizações indígenas a mulher enquanto criadora de vida, era reverenciada como uma extensão da própria Mãe Terra (Gaia, Pachamama, etc.).
Este conhecimento dá-nos a sensação de pertença absoluta que todas procuramos na vida.
4. Celebrar a vida na Terra
Antigamente, eram as mulheres que lideravam rituais para honrar os ciclos naturais da Terra.
Em muitas culturas xamânicas, as mulheres desempenhavam papéis centrais em cerimônias de agradecimento à natureza, usando cânticos, danças e oferendas.
A conexão com a Terra era tanto espiritual quanto prática, reconhecendo-a como uma entidade viva com quem se coexistia em harmonia, e a quem se agradecia a força da abundância.
5. Ciclos da Mulher e Medicina das Plantas
A grande maioria das nossas ancestrais também desenvolveram um conhecimento profundo sobre as plantas e seus ciclos, sabendo exatamente quando colher, plantar e utilizar ervas para cura e rituais. Esse conhecimento sobre o poder medicinal das plantas era passado de geração em geração e refletia a relação simbiótica entre o feminino e a Terra.
Nos meus trabalhos, com mulheres o uso de plantas como medicina é muito frequente, existem aqui no site, artigos em falo especificamente de 4 plantas para usarmos em cada uma das fases dos nossos ciclos:
Fase introspetiva (pré-menstruação e menstruação) Ciclos de Plantas | Ciclos de Mulher
Fase expansiva (pré-ovulação e ovulação) Ciclos de Plantas | Parte II: Alecrim e Rosas
6. Ciclos de Vida, Morte e Renascimento
A mulher, como guardiã da vida, também era vista como uma força que compreendia os mistérios da morte e da transformação.
Em muitas tradições, a morte não era temida, mas entendida como parte do ciclo natural.
Através de rituais de passagem, luto e cura, nossas ancestrais celebravam o fim de um ciclo e o início de outro, reconhecendo a impermanência e a renovação como leis naturais.
Nada morre, tudo se transforma; quanto mais amor depositarmos nesta verdade, mais fácil será aceitar a plenitude da vida, libertando-nos do passado, vivendo plenamente o presente, criando o futuro que sempre sonhamos, permitindo-nos caminhar levemente com o legado de dons que nos foi deixado pelas mulheres da nossa vida.
Na próxima semana, é este ensinamento que iremos explorar ao nos conectarmos com a força do Samhain, a 31 de Outubro.Resgatar estes conhecimentos é permitirmo-nos viver de em profundo respeito com a nossa natureza e a natureza da terra que habitamos (ler artigo sobre vida no campo e saúde integral - Vida no Campo e Saúde Integral | Suzana Morais), e esta é sem duvida, uma das reconexões mais preciosas que podemos fazer para honrar os ensinamentos guardados na nossa memoria celular através das heranças deixadas pela sabedoria das mulheres que nos deram a vida.
Esta sintonia permite que as mulheres se alinhem com seus processos internos, promovendo a melhor das terapias através do autoconhecimento (ler artigo sobre mapeamento do ciclo menstrual - Mapeamento do Ciclo Menstrual com a Mandala Lunar) não apenas com o que acontece ao seu redor, mas também, criando um sentido mais profundo de pertencimento e equilíbrio.
Esse legado ancestral nos convida a honrar a Terra como uma extensão de nós mesmas, respeitando seus ritmos e energias.
Espero que este artigo vos inspire a mergulhar na força do legado que vos habita.
Amor e Gratidão
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