Yoga: Uma Prática para Além do Tapete

Estrutura do yoga enquanto caminho de autoconhecimento

O yoga assenta em princípios milenares, nos Yoga Sutras — um dos textos mais antigos e respeitados do yoga — o sábio Patanjali reuniu ensinamentos sobre como viver com mais presença, equilíbrio e sentido.

Nestes textos, encontramos os oito passos do yoga. 

Cada um deles ajuda-nos a cultivar clareza interior, compromisso com a nossa verdade e responsabilidade pelas nossas escolhas:

• Ahimsa (não-violência): cuidar da forma como falamos connosco mesmas
• Satya (verdade): sermos honestas sobre o que sentimos e queremos
• Svadhyaya (autoestudo): observar os pensamentos e padrões, sem julgamento
• Tapas (disciplina): compromisso com o que nos faz bem, mesmo quando é difícil

Ao integrar esses princípios com a prática física e respiratória, deixamos de "fazer yoga" e passamos a viver o yoga — com compaixão, consciência e compromisso.

Yoga: uma prática que revela a verdade interior

Se já praticas ou praticaste Yoga, provavelmente já te deste conta:

que cada postura te ensina a estares presente em ti mesma; 

que cada respiração te traz a compreensão dos teus pensamentos;

que cada desconforto te permite sentir o impulso de fugir — esse mesmo impulso que temos fora do tapete, quando surgem conversas difíceis, escolhas importantes ou dores emocionais antigas.

"Conhecer o que pensamos é poder escolher quem somos."

É nesse lugar de presença e observação que nasce o autoconhecimento.

E a partir dele, temos escolha!

Podemos decidir quebrar ciclos. 

Deixar de adiar a nossa felicidade. 

Comprometer-nos conosco mesmas e com a vida que queremos — por dentro e por fora.

Na minha prática física, costumava ficar impaciente quando permanecia numa determinada postura, fosse ela confortável ou desafiante. 

Quantas vezes, me aconteceu no início de uma nova pratica, sentir que "era demais para mim". 

É exatamente nesse instante que o yoga começou a revelar o que eu pensava sobre mim mesma. 

E, é aí que o Yoga se une ao Autoconhecimento.

"O yoga não é para pessoas flexíveis.

É para pessoas dispostas."

T.K.V. Desikachar

Na verdade, sempre que nos apresentamos ao tapete, estamos a abrir um espaço de verdade conosco mesmas. 

Um lugar onde não há máscaras. 

E isso, por si só, já é profundamente transformador.

Por isso, digo que o yoga vai muito além do tapete!

O yoga permite-nos reconhecer aquilo que está a mais — padrões repetitivos, crenças limitantes, medos antigos, formas de pensar que já não nos servem — e dá-nos resiliência para permanecer face ao que não conseguimos mudar, de um dia para o outro.

Conhecer o que pensamos é escolher quem somos

Repetimos os mesmos pensamentos, as mesmas emoções, as mesmas ações vezes sem conta, sem termos consciência que essa repetição está a moldar as nossas escolhas.

Joe Dispenza, afirma que quando nos tornamos conscientes dos nossos próprios pensamentos, começamos a libertar-nos do passado. Identificar a forma como pensamos é poder escolher quem queremos ser, sem fugir de nós mesmas.

Sentir sem fugir: o espaço das emoções

Quando nos movimentamos em consciência, trazemos o corpo para o presente através da respiração, criamos espaço para que as emoções que guardamos venham à superfície com segurança e consciência de nós mesmas, sem responsabilizar ninguém pela forma como nos sentimos.

A psicóloga Nicole LePera lembra-nos que

"a verdadeira cura é quando escolhemos de forma consciente não repetir o padrão."

Esta frase, revela um dos maiores desafios do processo de autoconhecimento: a consciência ativa sobre aquilo que fazemos automaticamente. 

A maioria dos nossos comportamentos nasce de padrões inconscientes — aprendidos na infância, herdados da nossa linhagem ou criados como mecanismos de defesa.

Por mais difícil que seja de aceitar, a verdade é que quando nos tornamos conscientes do que pensamos e sentimos e da responsabilidade que temos sobre esse pensamento e sentimento, tornamo-nos maduras. 

Quando adultas, ninguém tem o poder de nos fazer sentir o que quer que seja, somos nós as únicas responsáveis pela forma como escolhemos nos sentir. 

Só a criança em nós é que não é responsável por si mesma (ver artigo sobre infância).

O yoga, enquanto prática de presença, ajuda-nos precisamente a interromper o modo automático imaturo em que vivemos a grande maioria do nosso tempo. 

Quando respiramos conscientemente, sentimos o corpo e observamos os pensamentos sem reagir, estamos a criar uma nova possibilidade: a de escolher fazer /ser diferente.

• Escolher descansar.
• Escolher não agradar a todos.
• Escolher dizer sim a nós mesmas.

É neste espaço, que a mudança real acontece - não por milagre, mas por consciência e prática repetida.

Comprometer-se consigo mesma é um ato de coragem

A prática regular de yoga fortalece o compromisso interno.

Imagina que aceitas o convite para assistir à aula sobre Yoga e Autoconhecimento (ver link) e passas da mulher - que não saber dizer "não", mas passa a escolher o que é certo para si; - que vive em função de todos, mas encontra no tapete um momento sagrado só seu; - que está sempre cansada, mas começa a respirar antes de reagir.

São estas mudanças, que ganham consistência com a prática de Yoga e Autoconhecimento.

Convido-te agora a desenrolar o tapete e experimentares conquistar a postura de Malasana, uma postura profundamente simbólica que te enraíza de tão perto que ficas do chão, mas que te eleva por ser chamada a usar toda a verticalidade do teu tronco.