Yoga: Equilíbrio Entre o Corpo e a Mente

14-05-2025

Como o Yoga Sustenta o Equilíbrio Corpo-Mente, em Processos de Mudança 

Sê muito bem-vinda a este espaço de ensinamentos de yoga e práticas de autoconhecimento, que provavelmente te vão ajudar a criar uma versão mais saudável e consciente de ti mesma.

Esta semana, quero partilhar contigo reflexões sobre Equilíbrio. 

Temos estado a explorar o tema das mudanças na nossa vida, e quando abrirmos espaço para as mudanças que precisamos, é natural que surja desconforto — e com ele, uma sensação inicial de desequilíbrio.

Na semana passada, aprendemos como o yoga nos leva a um espaço de escuta interna que nos permite um conhecimento mais profundo de nós mesmas . 

Este processo de conhecimento e escuta interna, é especialmente importante para nós, mulheres, por tantas vezes nos termos habituado a cuidar de tudo e de todos, esquecendo-nos de nós mesmas.

O que nos tira equilíbrio?

Quando nos esquecemos de nós (podes ler mais sobre isso neste [artigo sobre autocuidado) , deixamos de estar em equilíbrio. 

O corpo fica cansado sem forças para avançar; a mente deixa começa a recriar pensamentos que diminuem a nossa energia vital, sentimo-nos frustradas por não conseguirmos avançar na direção que precisamos.

Além disso, como vivemos num corpo cíclico - sempre que ignoramos ou reprimimos esta informação, vamos forçosamente estar em desequilíbrio, conhecimento que faço questão de transmitir a todas as mulheres que acompanho, nos seus processos de autoconhecimento, seja através das mentorias individuais, seja através do programa completo de 4 semanas.

É precisamente neste ponto – natureza cíclica da mulher - que o yoga nos ensina algo essencial: que o equilíbrio não é um estado fixo, mas sim um fluxo contínuo entre expansão e recolhimento - força e rendição - ação e descanso. 

Sem Honrarmos a nossa natureza cíclica — esse fluxo constante entre expansão e recolhimento —, não conseguimos criar uma base sólida e estável, para passar por mudanças com presença e consciência.

Na realidade, quando nos desconectamos deste movimento cíclico, surgem os problemas mais comuns pelos quais a grande maioria das mulheres passa:

  • Acumular cansaço. O cansaço não é apenas físico, mas mental e emocional, afetando profundamente o nosso sistema nervoso. O verdadeiro descanso vai além do sono; ele requer uma pausa consciente para regenerar o corpo e a mente.
  • Reprimir sentimentos. As emoções não processadas ficam guardadas no corpo, esperando o momento certo para se manifestarem. Quando reprimimos os nossos sentimentos, criamos um ambiente interno de tensão que afeta a nossa saúde de forma integral.
  • Viver à pressa. Viver constantemente à pressa, como se tudo tivesse de ser feito para ontem, impede-nos de viver o momento presente. A mente agitada não encontra nem clareza, nem espaço para a introspecção o que faz com que não seja possível mudar de forma consciente e consistente.
  • Mudar pelos outros. Quando nos pressionamos a mudar devido a fatores externos, sem uma escuta profunda do que realmente nos faz felizes, ou mesmo do que necessitamos para nos sentir bem, a mudança torna-se insustentável e desconectada da nossa verdadeira essência.
  • Acreditar em crenças herdadas. Muitas vezes, carregamos crenças limitantes que herdámos, da nossa linhagem e da nossa infância, desconectando-nos do nosso verdadeiro eu. Reconhecer esses padrões é essencial para começar o processo de transformação ( ver artigos sobre crenças da linhagem feminina, e, influencia da infância na vida adulta).
  • Comer, respirar e mover de forma desajustada. A forma como nos alimentamos, respiramos e movemos afeta diretamente o nosso equilíbrio físico, mental e emocional. O yoga mostra-nos como criar harmonia nessas práticas diárias, promovendo equilíbrio e bem-estar.

Todos estas formas de estar, afetam diretamente o nosso sistema nervoso, o nosso ciclo hormonal, a qualidade do nosso sono, as nossas oscilações de humor. 

E, com isso, dificultam qualquer processo de mudança consciente.

O Ponto de partida é o equilíbrio - entre o corpo e a mente

Como vimos no início do artigo, mudar traz desconforto.

Mesmo quando desejada, toda mudança desafia o conhecido. 

O novo põe em causa hábitos antigos, e o corpo reage ao perceber que está a sair do seu território de segurança. 

A mente contraria o novo. As emoções oscilam. Surge a instabilidade.

Sem equilíbrio, entramos facilmente em modo de sobrevivência — luta, fuga ou bloqueio. 

Reagimos por impulso, desconectadas do nosso centro. 

Por isso, mais do que coragem, o que mais precisamos nos momentos de mudança, é equilíbrio.

Mas afinal, o que é equilíbrio em saúde integrativa?

"A saúde perfeita é o estado em que todos os sistemas
do corpo funcionam em harmonia com
a mente e com o ambiente."

Deepak Chopra

No universo da saúde integrativa, equilíbrio é muito mais do que ausência de sintomas. 

É um estado em que os sistemas do corpo — respiratório, circulatório, digestivo, hormonal, reprodutor, excretor e nervoso — trabalham em sintonia, e a mente acompanha esse estado com clareza e estabilidade.

Quando estamos em equilíbrio, o corpo comunica com subtileza, as emoções fluem com mais leveza e conseguimos viver as transformações que qualquer processo de mudança nos propõe com mais consciência e menos resistência.

Autores como Daniel Siegel e Gabor Maté mostram que esse equilíbrio é reflexo de um sistema nervoso regulado e de uma integração saudável entre corpo e mente. 

Sem essa base, o corpo interpreta cada desafio como uma ameaça, e a mudança parece pesada, confusa ou impossível.

É aqui que o yoga se torna um verdadeiro suporte. Como dizia B.K.S. Iyengar,

"O yoga é o cessar das flutuações da mente."

Como o yoga repõe o equilíbrio, em processos de mudança?

O yoga oferece-nos cinco caminhos essenciais para esse equilíbrio:

  • Ásana – O movimento consciente, que nos ajuda a realinhar e fortalecer o corpo, criando espaço para ouvir o que precisa de atenção.
  • Pranayama – O controlo da respiração, que regula o sistema nervoso e acalma a mente.
  • Pratyahara – A interiorização dos sentidos, que nos ajuda a desligar do ruído externo para escutar o que se passa dentro.
  • Dhyana – A meditação, que cultiva presença e foco para não nos perdermos nas flutuações do pensamento.
  • Samadhi – O estado de clareza e unidade interior, onde corpo e mente se encontram em harmonia.

Ao praticar yoga de forma integrativa, preparamos o nosso sistema interno para sustentar mudanças reais — aquelas que nos alinham com quem verdadeiramente somos.

E caso, não saibas, praticar de forma regular, mesmo que seja apena 1 vez por semana; ativa o sistema parassimpático (de descanso e digestão), liberta tensões somatizadas e ensina a estar no momento presente.

O yoga conduz-nos do mundo da ilusão — onde muitas vezes nos perdemos em pensamentos, expectativas e identidades que não nos pertencem — para a realidade do momento presente, onde habita a nossa verdadeira essência. 

Ao silenciar o ruído externo e interno, o yoga permite-nos observar com clareza aquilo que realmente somos, e não aquilo que acreditamos ser ou que nos disseram que deveríamos ser.

Esta consciência é o primeiro passo para qualquer mudança profunda e duradoura. 

Só quando estamos enraizadas na verdade do nosso corpo e mente, conseguimos sustentar transformações que nos tragam equilíbrio e autenticidade.

Sequência de Yoga: Enraizar, Sentir e Elevar

Esta semana, convido-te a experimentar uma sequência construída com inteligência corporal e intenção emocional.

O objetivo é preparar o corpo de forma segura e fluida até à Postura do Bailarino (Natarajasana), uma expressão de equilíbrio, abertura e leveza em tempos de mudança.

Postura da Criança (Balasana) 

– Alonga a lombar, relaxa as ancas, suaviza os ombros e reduz a frequência cardíaca.

  • Começa sentada de joelhos no chão, apoiando os glúteos sobre os calcanhares.
  • Inclina o tronco à frente, com as mãos no chão, e avança devagar até conseguires colocar a testa no chão. Se a testa não chegar ao cão, não faz mal. O mais importante é respeitares o teu corpo, e manteres integralidade na coluna, por isso desce até onde for possível manter a coluna integra, sem descolar os glúteos dos calcanhares.
  • Os braços podem repousar ao longo do corpo ou estendidos à frente, escolhe tu como te sabe melhor.
  • Respira profundamente e permanece aqui por 5 respirações.

Postura de 4 Apoios (Bharmanasana)

  • Lentamente, eleva o tronco vértebra por vértebra, apoiando-te nas mãos e braços.
  • Coloca as mãos no chão, punhos à largura dos ombros.
  • Afasta os joelhos à largura das ancas.
  • Estás em 4 apoios (Bharmanasana), prepara-te para mover o tronco de forma fluida ao ritmo da respiração.
Postura do Gato / Postura da Vaca (Marjaryasana / Bitilasana)
Postura do Gato / Postura da Vaca (Marjaryasana / Bitilasana)

Postura do Gato / Postura da Vaca (Marjaryasana / Bitilasana) 

– Aumenta a mobilidade da coluna, aquece a musculatura do tronco e estimula os órgãos internos.

  • Ao inspirar, arqueia ligeiramente as costas (vaca), eleva o olhar e abre o peito.
  • Ao expirar, arredonda as costas (gato), aproxima o queixo ao peito e ativa o abdómen.
  • Repete por 5 ciclos respiratórios, com movimentos lentos e conscientes.

Postura de 4 apoios com extensão (Chakravakasana) 

– Fortalece a cadeia posterior, abre o peito e estimula o equilíbrio dinâmico.

  • Coluna neutra, volta a 4 apoios, observa a tua respiração.
  • Na próxima inspiração, estende a perna direita para trás e levanta-a ao nível da bacia.
  • Leva o braço esquerdo à frente, roda-o atras das costas e se possível agarra o pé direito lá atrás (variação).
  • Estabiliza o core e mantém por 3 respirações.
  • Repete para o outro lado.

Pausa para Integração 

- Lentamente, pousa a mão e o joelho no chão.

  • Volta aos 4 apoios, com a coluna neutra.
  • Sente a respiração nas palmas das mãos e nos joelhos enraizados.
  • Deixa o corpo absorver os efeitos da prática até aqui.

Postura do Cão a Olhar para Baixo (Adho Mukha Svanasana) 

– Alongamento profundo de pernas, costas e braços. Ativa a circulação e fortalece o corpo inteiro.

  • Coloca os dedos dos pés no chão, ativa os braços e o core.
  • Eleva lentamente os joelhos do chão e empurra as ancas para cima e para trás.
  • Estende as pernas suavemente até formar um "V" invertido, alongando os braços e as pernas.
  • Deixa o peito aproximar-se dos joelhos e os calcanhares descerem em direção ao chão.
  • Permanece por 5 respirações completas.

Postura da Montanha (Tadasana) 

– Ativa os músculos estabilizadores, melhora a postura e enraíza os pés no chão.

  • Leva o teu olhar, às tuas mãos e caminha com os pés na direção das mãos, dobrando ligeiramente os joelhos.
  • Enrola a coluna devagar, vértebra por vértebra, até ficares de pé.
  • Deixa os braços descerem ao longo do corpo, com as palmas das mãos viradas para a frente
  • Alinha os pés à largura das ancas, ativando as pernas e alongando a coluna, direcionando os ísquios ("ossos dos glúteos") para baixo.
  • Topo da cabeça, alinhado com o céu, conecta-te com a terra através do contacto dos pés no chão.
  • Respira profundamente e encontra o teu equilíbrio. Fecha os olhos, e sente-te na Postura da Montanha

Postura do Bailarino (Natarajasana)

- Desenvolve equilíbrio, força e flexibilidade. Abre o peito e expande a respiração.

  • Transfere o peso do corpo para a perna esquerda, dobra o joelho direito e segura o pé com a mão direita.
  • Eleva o braço esquerdo à frente e entra suavemente na postura, alongando o tronco para a frente e a perna para trás.
  • Mantém o peito aberto, o olhar fixo num ponto e a respiração estável.
  • Respira aqui por 3 ciclos.
  • Sai com controle e troca de lado.

Para terminar 

- volta à Postura da Montanha.

  • Junta as palmas das mãos em frente ao coração (anjali mudra).
  • Fecha os olhos por um instante e sente o corpo inteiro — mais equilibrado, alinhado e presente.

Agradece este momento - por ti, pelo teu corpo e por tudo o que ainda estás a transformar.

Benefícios da Sequência

Esta sequência traz vários benefícios, a nível físico e emocional, como: 

Físico: alonga a coluna, fortalece todo o corpo, ativa o sistema nervoso parassimpático e melhora a circulação; 

Emocional: promove presença, ajuda a libertar emoções reprimidas e cria espaço para vivermos transformações internas, com mais leveza.

Prática Meditativa: O que me tira equilíbrio?

Após fazeres a sequência de ásanas, medita nas seguintes questões:

  • Que pensamentos, emoções e ações me tiram equilíbrio?
  • Para que lado foi mais desafiante manter a postura do Bailarino?

Feminino – lado esquerdo – intuição e recolhimento; 

Masculino – lado direito – racionalidade e acção.

Respira, observa, permite.

Lembra-te: o equilíbrio é uma prática diária, e cada passo em direção à escuta do teu corpo é um passo em direção a ti mesma.

Um convite para ti

Se estás a passar por algum processo de mudança que te desafie – não desistas de ti.

Talvez ainda não saibas, mas no final do mês de Maio, irei facilitar uma aula de yoga e Autoconhecimento para processos de mudança, 100 % online e gratuita.

Esta aula é para ti, para te ajudar a identificar o que te impede de mudar, quando é o que mais precisas. 

Vamos ter esta aula gravada, dividida em 3 partes: teórica, pratica de yoga e pratica meditativa.

Junta-te ao grupo no WhatsApp (ler artigo sobre importância de mudar em grupo) onde será disponibilizada a aula Yoga e Autoconhecimento - para Processos de Mudança. 

E, por último, se sentes que este artigo pode trazer clareza a outra mulher, partilha-o com ela.

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