Fase Introspectiva
Ciclos de Vida da Mulher
Sejam muito bem vindas a esta leitura semanal, de ferramentas de autoconhecimento e práticas integrativas, que nos ajudam a viver em saúde os nossos ciclos de mulher.
Na semana passada aprendemos como o ciclo menstrual nos prepara para as diferentes fases dos ciclos de vida, através da nossa fase expansiva da mulher (ler artigo).
Esta semana vamos aprender qual é a energia oposta a esta fase da mulher, que nos complementa, ainda que seja tão mal vista e desapreciada.
Esta semana apresento-vos a fase introspetiva da mulher.
Acredito que quando aprendemos as verdadeiras potencias desta fase, não há como não a apreciar, respeitar e acolher, ciclo após ciclo até aos anos da chegada da menopausa.
O facto de não conhecermos as necessidades orgânicas do nosso corpo físico, mental e emocional seja nesta fase, seja no todo dos nossos ciclos, leva-nos para estados de desequilíbrio que provocam um profundo mal estar e sofrimento.
O desconhecimento das necessidades orgânicas da fase introspetiva, que incluem a pré-menstruação, no ciclo menstrual, e, a chegada da menopausa no nosso ciclo de vida, trazem-nos vários estados de desequilíbrio emocional como:
ansiedade crónica, depressão, stress e até burnout; vários estados de desequilíbrios físicos como: endometriose, candidíase, cistite; hpv, síndrome dos ovários policisticos, TPM (que falaremos largamente nos próximos parágrafos) amenorreia (ausência de menstruação), menorragia (menstruações abundantes a hemorrágicas), e muitos mais exemplos poderiam ser dados.
Na realidade, poucas são as mulheres que sabem que a TPM não faz parte do ciclo menstrual, assim como a menopausa não é um estado de deficiência hormonal do nosso corpo.
Começo este artigo, de forma mais incisiva, porque sei o quanto temos a tendência de nos desresponsabilizarmos por nossos comportamentos, e o quanto a forma como nos comportamos ao longo da vida pode influenciar negativamente cada ciclo menstrual e principalmente cada fase de nossos ciclos de vida
Existe "algo" que é crucial sabermos, se queremos viver a fase introspectiva em saúde , esse "algo" é a necessidade orgânica que o nosso corpo apresenta de abrandar o ritmo quer seja a nível físico, mental ou emocional.
Ao contrário da fase expansiva, que nos leva para o mundo exterior, esta fase traz-nos de volta a nós mesmas, e para isso precisamos aprender a estar em solitude.
É no tempo que passamos resguardadas em nós mesmas que se dá a observação de quem estamos a ser, como motor de reajustamento para desenvolvimento pessoal através do autoconhecimento.
Esta fase de introspecção é de pura energia feminina, o que significa que estamos perante uma energia intuitiva, de rendição, de passividade, de acolhimento, de mergulho nas sombras da nossa mente inconsciente.
Enquanto mulheres, fomos ensinadas a dar o nosso tempo e energia a todos em nosso redor: família, filhos, pais, companheiro/as, trabalho, amiga/os, etc; e verdade seja dita costumamos sentir-nos muito bem sendo uteis, nesta posição de doadoras, mas quando a energia muda, e somos remetidas ao fluxo de energia feminina (ler artigo) que nos traz a pré-menstruação e a menstruação, a "coisa" complica-se e muito.
Ficamos irritadas, ansiosas, mal humoradas, cheias de dores de cabeça, não conseguimos dormir o suficiente, ficamos inchadas, comemos muito mais açúcar e alimentos processados (altamente inflamatórios) e tudo isto porque não nos damos o tempo de serenar, meditar, abrandar o ritmo para sentir quais as verdadeiras necessidades físicas e emocionais nesta fase.
Segundo estudos recentes, da Organização Mundial da Saúde, sobre distúrbios menstruais e a prevalência da TPM (tensão pré-menstrual) destacam que até 80% das mulheres relatam sintomas leves a moderados, enquanto 30% apresentam sintomas mais debilitante, que as fazem sentir se a cair num looping de pensamentos e sentimentos "negativos", ao ponto de acreditarem que estão a ficar "malucas".
Para quem ainda não sabe, vale a pena voltar a afirmar que a TPM, não faz parte do ciclo menstrual, ela é um distúrbio físico e emocional das Mulheres Contemporâneas.
E, o fato de integrá-la como natural, por si só mostra o quanto estamos desconectadas do nosso ciclo .
Na minha história pessoal, se cheguei a este trabalho de saúde feminina como terapeuta em ginecologia natural e professora de yoga, foi por fazer parte destas estatísticas de mulher com sintomas de TPM, por mais de 30 anos.
Após todos estes anos de estudo, na área da saúde menstrual integrativa, acredito que a soma de várias fases expansivas, em desequilíbrio, e a rejeição da fase introspetiva nos adoecem física, mental e emocional e energeticamente.
Já sabemos que somos, no presente, a soma de todos os comportamentos que tivemos no passado, e se não fizermos o trabalho de recolhimento e reajuste que nos é pedido ciclo após ciclo , durante a pré-menstruação ; com certeza passaremos por momentos desafiadores na chegada da menopausa.
Em saúde integrativa, ao trabalharmos com uma visão epigenética ampliamos as possibilidades de cura,.
Uma vez que consideramos a doença não apenas como um desequilíbrio biológico, mas como um reflexo do que foi aprendido e vivido, que precisa ser transformado, por meio de novas escolhas e práticas.
Por isso, gosto tanto de definir esses momentos, a chegada da menstruação e da menopausa , como uma ida ao purgatório, em que temos a possibilidade de observar e largar os velhos hábitos que não nos servem mais, e assim nos alinharmos com nossa melhor versão, individual e comunitária, que nos permitirá cumprir nossa missão de vida em plenitude.
Agora que já sabemos o que acontece quando não respeitamos a nossa fase introspetiva, vamos aprender o que se passa a nível físico e emocional, durante a pré-menstruação; para podermos desde já mudar de hábitos e nos alinharmos com um estado preventivo de bem estar na chegada da menopausa.
A pré-menstruação acontece após a ovulação, quando o corpo começa a receber os sinais de que o óvulo não foi fecundado.
Esta fase dura repetidamente entre 12 a 14 dias, em ciclos regulares de 28 dias, e termina com no primeiro dia da menstruação.
Fisicamente ficamos menos mentais e muito menos ativas; o estrogénio, a testosterona e a progesterona baixam, bem como a nossa imunidade, ficamos com humores oscilantes e muito menos paciência para o mundo exterior a nós mesmas.
No entanto, como a grande maioria das mulheres, não tem por hábito abrandar e regressar ao seu mundo interno, o que acontece são sintomas de TPM que nos deixam sem paciência inclusive para nós mesmas.
Nesta fase do ciclo, é como se estivéssemos a redirecionar o leme de uma embarcação.
Numa primeira instância, deixamos que o vento nos leve para conhecermos o mundo, e, depois voltamos a nossa atenção para dentro para observar se o rumo que tomamos é de facto o que precisamos; e assim podermos escolher se estamos no bom rumo ou se precisamos de ajustes.
O que acontece quando nos permitimos abrandar, é nos conectarmos com a sabedoria interior que nos serve de guia para a mudança hormonal que estamos a viver.
Por isso, a TPM é designada de Tempo Para Mim, na filosofia do sagrado feminino - pois existe o reconhecimento do tempo que precisamos de dedicarmos a nós mesmas, para podermos observar a energia que estamos a emitir, integrando os ensinamentos, que dai advêm e que nos mostram maioritariamente os ajustes a ser feitos, para vivermos a versão de nós mesmas que queremos ser.
Esta é uma fase passiva, por isso, atividades menos exigentes e mais serenas são bem vindas: como:
- meditar,
- praticar yoga,
- nadar,
- semear um jardim,
- caminhar na natureza,
- contemplar um belo por do sol, etc.
Emocionalmente, esta fase dos nossos ciclos é, sem dúvida, desafiante, pois somos convidadas a mergulhar nas profundezas da nossa ancestralidade e/ou infância (ler artigos do Blog de Outubro) para resignificar traumas e crenças que residem no nosso inconsciente, e as quais não queremos recordar, ou, nem sabemos que existem.
Por isso, é tão importante espaços de silêncio em solitude, que nos permitem ser empáticas e compassivas com o desapego que nos é pedido com a chegada da menstruação.
Mas, antes de chegarmos às explicações do que nos acontece na menstruação, gostaria de vos deixar algumas questões que vos mostrem quem são quando entram na vossa pré-menstruação:
- No que penso com mais frequência?
- O que sinto com mais frequência?
- Como me sinto comigo mesma, na maioria do tempo?
Falemos agora do que se passa na menstruação.
Mas, antes eu gostaria de fazer vocês voltarem no tempo, para lembrarem da sua primeira menstruação.
- Quem te falou de que irias começar a menstruar?
- O que te foi explicado?
- Como te sentiste quando sangraste pela primeira vez?
Agora que já relembramos as emoções sentidas na menarca (primeira menstruação) vamos passar para a compreensão do que está acontecendo em nosso corpo físico e emocional nessa fase do ciclo menstrual.
Como vimos, no artigo da semana passada , durante a fase expansiva há um aumento progressivo de estrogênio e progesterona , que permitem a irrigação sanguínea do útero a fim de preparar a chegada de um possível embrião.
Sempre que o óvulo não é fecundado, passamos pela pré-menstruação com a queda dos níveis de estrogênio e progesterona ; e quando estes atingem valores mínimos, inicia-se a desintegração das paredes do útero, dando-se a menstruação.
Esta fase, dura entre 3 a 7 dias, caso tudo se passe de forma natural e saudável , a duração desta fase será cada vez mais curta ao longo da vida da mulher, até que se torna irregular e acaba por cessar definitivamente, na menopausa.
Essa queda hormonal causa uma diminuição nos níveis de energia em nosso corpo físico, incluindo a capacidade de raciocínio; uma vez que o corpo usa seus esforços para manter em equilíbrio o processo de transformação pelo qual estamos passando.
Essa é uma fase em que precisamos proteger e ajudar o organismo, para que a limpeza que está se processando possa ser vivida em equilíbrio.
Costuma-se dizer que nessa fase a mulher está limpando a toxicidade acumulada e as emoções densas vividas ao longo do ciclo anterior.
Durante a menstruação, é o fígado quem regula a libertação do sangue – por isso a medicina tradicional chinesa nos explica que quando o sangue do fígado está em deficiência ou estagnado, podem surgir sintomas de menstruação irregular, escassa ou dolorosa.
A estagnação da energia no fígado pode ser causada por: alimentação inadequada, stress e mesmo emoções reprimidas, frustração ou raiva; o que pode levar a cólicas, tensão pré-menstrual (TPM), irritabilidade e dores de cabeça.
A nossa saúde emocional está sem dúvida ligada à nossa saúde menstrual.
Conhecer o tipo de emoções que sentimos ao longo do nosso ciclo , seja na fase expansiva , seja na fase introspectiva é de extrema importância para a saúde menstrual, pois só conhecendo os padrões emocionais que repetimos, é que podemos fazer mudanças ajustáveis que nos trazem equilíbrio e bem estar, ou seja saúde .
Práticas de autocuidado ( leia artigo – Autocuidado: Nutrindo o Corpo e a Mente ) yoga ( leia artigo - Savasana ) e meditação ( leia artigo : 5 motivos para começar a meditar agora mesmo ) são muito recomendados para manter o fígado em equilíbrio, apoiando o bem-estar menstrual.
A menstruação , como referi anteriormente, prepara nos para a chegada da menopausa , entre os 45 e os 55 anos , momento em que os ovários esgotam a sua reserva folicular e deixamos de menstruar no espaço de um ano seguido.
Agora se a grande maioria das mulheres, vive a fase introspectiva dos seus ciclos menstruais de forma desequilibrada, não podemos esperar que a chegada da menopausa, que se dá cerca de 6 a 10 anos antes da ausência de menstruação, se passe às mil maravilhas.
Outro fato desconcertante, é que atualmente, embora tenhamos uma expectativa média de vida muito mais longa do que há 100 anos atrás, cada vez mais mulheres contemporâneas estão chegando à menopausa numa fase muito precoce da vida, ou seja entre os 35 e os 40 anos.
Porque estamos nós a chegar à menopausa precocemente?
O que precisamos fazer para prevenir um estado de saúde, com a sua chegada?
As respostas a essas perguntas são os temas do nosso próximo artigo.
Por saber, que esta leitura ajuda a termos mais informação sobre como viver a menstruação e a menopausa em saúde , mas que ainda assim existe muito a ser explicado, muito em breve irei anunciar a data do Workshop Online que estamos a organizar, já para o mês de Dezembro .
Amor e Gratidão
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