Só precisas Confiar
A solução para Viver em Equilíbrio
Neste artigo, vamos explorar como a confiança muda o nosso caminho.
Vamos compreender que, confiança não é algo mental, mas sim uma emoção natural que não precisamos conquistar, porque já existe em nós.
Outro aspecto muito importante, que vamos abordar é o facto da confiança nos ajudar a deixar de sofrer, a deixar a ansiedade, de que falámos no último artigo (ver link).
O que é a confiança
A confiança é o reconhecimento de existe uma sabedoria maior nos guia o caminho; uma sabedoria que habita em tudo o que existe, incluindo em nós mesmas.
Apesar de não querer que este artigo se torne abstrato, não é possível falar de confiança sem falar do que podemos sentir quando nos rendemos a uma fé que nos move para além da dor.
Podemos ter fé no que quisermos, em Deus, em Buddha, em Shiva, ou no sentido maior que a vida tem, mas a verdade é que ter confiança é um ato de fé.
E é a essa fé que quero chegar para aprofundar este artigo.
Há fé que temos, em saber que nada acontece por acaso; que há sempre algo para aprender, que tudo o que nos acontece permite-nos crescer, que por mais difícil que seja o momento que estamos a passar, algo de melhor virá.
É esta fé, que nos permite caminhar pela vida, com leveza.
Como perdemos a fé
Muitas vezes, perdemos a fé porque crescemos a acreditar que precisamos prever, racionalizar, controlar tudo para estarmos seguras.
A cultura, a educação e até certas experiências dolorosas reforçaram a ideia de que confiar é sinónimo de vulnerabilidade.
Quando algo corre mal, especialmente se nos sentimos traídas, abandonadas ou ignoradas, é comum construirmos defesas internas — desconfiamos do mundo, dos outros e de nós mesmas.
Aos poucos, essa desconfiança transforma-se num modo de estar, numa tentativa inconsciente de evitar sofrer novamente.
Mas, o preço é alto: deixamos de confiar na vida e passamos a viver em constante estado de alerta – passamos a viver em ansiedade.
A ansiedade como consequência da perda da fé
A ansiedade muitas vezes nasce do medo do futuro, do desconhecido.
E, na raiz desse medo, está a meu ver, a perda da fé — aquela simples crença de que a vida é sábia e que há um caminho, mesmo que não possamos vê-lo claramente.
Este medo traz consigo o impulso de controlar tudo à nossa volta, uma ilusão que só aumenta a sensação de insegurança.
No entanto, a vida é criada a partir da perspectiva que escolhemos ter dela.
Somos nós as criadoras da nossa realidade!
E, é aqui que a confiança se distingue de uma crença mental.
Confiar não é simplesmente pensar que tudo vai correr bem.
Se a confiança for só mental, a mente logo tentará provar o contrário, usando os acontecimentos do dia a dia para nos convencer que não é seguro confiar.
Confiar é algo que vem do que nos move com segurança, do lugar profundo onde está a nossa fé inabalável — aquela que habita no nosso coração energético, a centelha da alma que sabe que a vida é, em essência, uma expansão.
A dor é real, mas não precisamos sofrer
Não queremos romantizar a dor.
Ela existe e muitas de nós conhecemos as suas formas mais duras — perda, abandono, separação, violência, desilusão.
Seria injusto dizer que basta "confiar" para que tudo passe.
Mas, também seria injusto não reconhecer que, em algum momento do caminho, podemos libertar-nos da escolha inconsciente de continuar a sofrer.
A médica e terapeuta integrativa Christiane Northrup afirma que muitas das dores que vivemos se tornam crónicas não porque sejam permanentes, mas porque não sabemos como as libertar. Ela escreve:
"… o sofrimento contínuo é um grito da alma que nos pede transformação."
Transformação, é a mudança que criamos em nós através de bases solidas que nos permitem viver uma versão mais consciente e equilibrada, de nós mesmas.
Caso queiras mergulhar nestas bases sólidas recomendo que assista a aula de Yoga e Autoconhecimento disponível aqui!
Nesta aula, tens acesso a uma componente teórica que te explica como a tua história influencia os sucessos da tua vontade de mudar.
Tens ainda, uma aula pratica de ásanas que te motivam a sentir no corpo os primeiros passos concretos dessa mudança e ainda uma meditação que te permite sentar e conversar contigo mesma, criando intenções claras para a mudança que queres implementar.
A vontade de mudar, chega quando algo não está bem.
Muitas vezes são os processos de dor, que nos trazem este despertar. Mas quero que saibas, que podes escolher parar de sofrer — não porque a dor não tenha existido, mas porque não é necessário que ela defina quem és.
É por isso que escolher confiar é, escolher sair do sofrimento como modo de vida.
O sofrimento esgota-nos física, emocional e energeticamente, como nos mostra o psiquiatra David R. Hawkins através da Escala de Consciência, onde diferentes estados emocionais vibram em diferentes frequências.
Nesta escala, compreendemos que emoções como aceitação, gratidão e amor produzem equilíbrio no sistema nervoso, abertura no coração e expansão energética — o que se traduz num verdadeiro estado de equilíbrio vibracional, que cura.
Quando nos abrimos ao amor verdadeiro — o que não julga, o que acolhe, o que sabe que somos dignas mesmo com as nossas cicatrizes — voltamos a confiar. Voltamos ao centro. Voltamos à vida.
Para expandir, precisamos de nos valorizar, precisamos de confiar e para isso vai chegar um momento em que teremos de afirmar a nós mesmas:
" já chega, de reviver as mesmas histórias.
Chega de acreditar que não mereço.
Chega de me castigar pelo que aconteceu.
Eu mereço ser feliz."
Confiar em nós mesmas e na vida é saber que somos bem mais do que aquilo que nos aconteceu.
É saber que há uma força de sabedoria em nós que deseja o nosso desenvolvimento enquanto alma – e essa força só está à espera que lhe demos o espaço que precisa para se manifestar.
A confiança como caminho para a expansão da alma
Gostava de te relembrar que o caminho que estamos a fazer, ao longo do verão, é sobre como chegarmos ao verdadeiro amor que não julga, que não desvaloriza, que não desconfia.
Um amor que sabe que é pura expansão da alma!
Acontece algo muito mágico, quando nos rendemos e relembramos o que é viver com fé.
Para além de sabermos que tudo tem um motivo para acontecer, mesmo que não consigamos compreender qual.
Começamos a aplicar em nós, a sabedoria milenar do yoga, de forma orgânica e natural como o fruto de um estado de presença e confiança, que sempre existiu em nós.
Deixamos de mentir, de nos apegarmos, de perder tempo com o que não nos nutre, de ser nos agredirmos com exigências e necessidades ilusórias de controlo, e principalmente passamos a estar focadas naquilo que verdadeiramente interessa, deixando de roubar tempo à vida.
A mente quer provas. O coração sabe.
Se tentarmos confiar só com a mente, vamos acabar por desistir. A mente foi criada para proteger, questionar, antecipar.
Procura a lógica, alguma garantia por mais pequena que seja, para se sentir sob controlo.
Mas, a confiança não é mental — é um estado de presença no corpo.
É um enraizamento interno que nos devolve a coragem de viver.
E, muitas vezes, o que nos falta é esse regresso ao coração.
É lá que vive a fé que sustenta a nossa alma, que deixamos de nos mentir, que compreendemos que confiar é um ato de amor — não de ingenuidade.
Prática de Yoga: Confiar no Caminho
Para que a confiança se enraíze verdadeiramente em nós, é preciso senti-la.
Não basta dizer "eu confio".
É preciso que o corpo o sinta que é real, que mesmo quando caminha sem ver, consegue encontrar o equilíbrio mesmo que não possa controlar o rumo do passo seguinte.
Para sentir esta confiança no corpo, proponho uma prática simples que podes fazer no teu espaço sagrado (aquele que precisas criar para te recentrar, dia após dia – ver artigo ).
Caminha de olhos fechados no tapete
Coloca-te no final do teu tapete virada para ele.
Fecha os teus olhos e caminha passo a passo, um pé à frente do outro.
Quando chegares ao final do tapete vira-te de novo para ele e repete 5 voltas.
Sem pressa.
Sem espectativa.
Apenas presente em ti e no momento que estas a criar.
Esta é uma forma excelente de cultivar a confiança no caminho, mesmo quando não podemos vê-lo.
Caminhar de olhos fechados, permite que o corpo te mostrar como encontra equilíbrio, e que voltes a lembrar que há sempre chão para te sustentar.
Transição para a postura do Guerreiro 3 (Virabhadrasana III).
Depois da caminhada de olhos fechados no tapete — onde confias no chão e no teu corpo para te sustentarem — convido-te a parares no meio do tapete e prepares-te para a postura do Guerreiro 3, que é um símbolo poderoso de equilíbrio e confiança interior.
Posição inicial:
De pé, mãos na cintura, pernas abertas à largura das ancas e pés paralelos bem enraizados no tapete.
Levar o peso para a perna de apoio:
Escolhe uma perna para ficar apoiada, firme, e começa a transferir o peso do corpo para essa perna.
Elevar a perna:
Lentamente, levanta a perna contrária para trás, mantendo-a esticada e ativa, alinhada com o tronco.
Inclinar o tronco para a frente:
Ao mesmo tempo que levantas a perna, dobra a tua perna de apoio ligeiramente e inclina o tronco para a frente.
A ideia é que consigas levantar a perna e baixar o tronco de forma a criar uma linha reta que vai desde o calcanhar até à cabeça.
Lentamente repara se consegues esticar a perna de apoio, mantendo o corpo alinhado e os músculos do core ativos para mais equilíbrio.
Posição dos braços:
Podes manter as mãos na cintura, ou experimentar esticar os braços ao longo do tronco, ou ainda estender os braços para a frente na mesma linha do tronco e perna — escolhe a variação que te traz mais estabilidade e conforto.
Manter a postura:
Respira profundamente. Mantém o olhar fixo num ponto à tua frente para te ajudar a estar concentrada nas sensações que esta postura te traz.
Outro lado.
Desfaz a postura tal como entraste nela. Voltando à postura inicial com os dois pés assentes no tapete, e repete a mesma sequência com a outra perna como apoio
Repara para que lado foi mais fácil manter a postura.
Repara em que zonas do corpo, sentiste mais conforto e desconforto.
Esta postura representa confiança e equilíbrio — equilíbrio físico, mental e emocional. É um convite a confiar na tua força interior e na sabedoria do teu corpo.
Benefícios físicos:
Fortalece as pernas, tornozelos e músculos do core.
Melhora o equilíbrio e a coordenação. Alonga o corpo e melhorar a postura.
Benefícios emocionais:
Desperta a confiança em ti mesma e a capacidade de te recentrares.
Ajuda a acalmar a mente e a focar no momento presente.
Simboliza a coragem de avançar no caminho da vida, mesmo quando o futuro é incerto.
Prática integrativa - fé na vida
Para complementar, podes dedicar alguns minutos a uma prática meditativa:
Começa por te sentares, coluna longa, respirações conscientes. Acende uma vela, um incesso, coloca uma música que gostes.
Torna este instante em algo de sagrado para ti.
Não faças à pressa ou apenas por fazer.
Abre o teu caderno, e escreve:
- para que servem as partes de mim, que querem tanto controlar
- como te sentes quando não confias em ti
- recorda um momento, em que a vida te mostrou que podes confiar
- imagina como seria confiar, com a mesma fé com que o sol nasce dia após dia
Agora, senta-te em silêncio e leva a atenção para o centro do teu peito, coloca as tuas mãos sobre o coração, e sente os teus batimentos cardíacos te recordarem da beleza da vida, nesse preciso instante. Respira fundo e repete mentalmente:
"Confio na sabedoria que me guia. Estou pronta para dar o próximo passo."
Uma forma de viver em equilíbrio
Confiança não é ausência de medo.
É a presença de uma força interior que nos lembra que podemos continuar.
Mesmo que tenhamos caído.
Mesmo que ainda doa.
E é aí que começa a verdadeira expansão — quando o coração volta a sentir que é seguro amar.
E, que tudo o que vivemos pode ser caminho de regresso a nós mesmas!
Se este artigo te permitiu sentir que encontraste o que te faltava para voltar a confiar, então partilha-o com maior número de mulheres que sabes que podes ajudar.
Com Amor
Su