Aula Gratuita: Yoga  Autoconhecimento

O espelho da natureza em nós

Estou na perimenopausa, uma transição profunda na vida de qualquer mulher. 

Até aos 40 anos vivemos muitas vezes em expansão — como tanto ensinei nos tempos dos ciclos de mulher. 

Mas, chega o momento em que surge a fase introspetiva da nossa vida, onde a nossa observadora interna, que pede por mudança e transformação pessoal, se expressa em força. 

Esta fase da vida, mostra-nos quem realmente somos.

Estou nessa fase, e, sinto-me como nunca senti antes, em profundo recolhimento e escuta interior. 

Aprendi tanto com a sabedoria do corpo feminino, com os nossos ciclos, que chego a esta fase em paz comigo mesma.

Esta fase que tanto me tem ensinado sobre quem sou, tem se mostrado ainda mais evidente desde que escolhi comprar um terreno com o meu companheiro, para podermos viver uma vida mais sustentável.

Ao ir trabalhar para o terreno, percebi o quanto a natureza nos ensina sobre o pulsar da vida, agora sei o que é haver um tempo certo para tudo: para semear, para plantar, para colher e mesmo para deixar morrer o que já não nos serve. 

Mas no meio de todos estes tempos, existe também tempo para relaxar, abrandar e sentir. 

E, é nesse espaço do tempo que somos capazes de sonhar e co-criar a nossa vida (ver ultimo artigo).

O Vale e o Sonho

Muitas de vocês, já sabem sobre o nosso projeto no vale, um lugar completamente selvagem com um riacho, cheio de nascentes de água, onde tudo cresce ao ritmo da terra.

Ainda não vivo permanentemente no terreno, mas no último ano, eu e o Fred (o meu companheiro) construímos uma casa de madeira que nos permite passar mais tempo no vale, e conseguirmos avançar no nosso projeto.

Agora, que a casa está finalmente pronta, tenho me deliciado, com os amanheceres repletos de sons da natureza, com ir dormir pouco tempo depois do sol se por, com comer o que já conseguimos plantar.

Construir esta casa levou-nos um ano, passámos por muitos desafios que começaram logo pela dificuldade de entrega da casa no lugar que a queríamos construir. 

Passamos por muitas mudanças internas, que nos permitiram fortalecer a nossa relação, ultrapassámos obstáculos juntos, rimos muito e mais importante nunca desistimos. 

Aprendemos a ser mais humildes com o que a vida nos oferece, aprendemos que nada é como queremos, mas sim como precisamos que seja para que possamos ter a oportunidade de crescer dia após dia, na materialização do nosso sonho.

Esta casa representa o sonho partilhado de uma vida com propósito, simples e verdadeira. 

Hoje, quando lá vou dormir, orgulho-me de saber viver com tão pouco, que na verdade é bem mais do que algum dia pude imaginar ser possível alcançar!

E, foi aqui, junto ao sonho tornado realidade, que quis iniciar este novo caminho ao vosso lado. 

E que decidi gravar esta primeira aula de yoga e autoconhecimento.

Um sonho maior do que eu

Estar no vale, muitas vezes fez-me sentir muitas vezes que o meu sonho era maior do que eu. 

Sem experiência em vida eco sustentável, dizia para mim mesma a rir eu agora sou uma neo-rural. 

Como é que vou trazer para aqui outras mulheres, se nem mesmo eu consigo acreditar que sou capaz. 

E, dia após dia, fui aprendendo mais, crescendo mais, e hoje sei!

Para além desta vida simples e sustentável, o que mais desejo é poder receber outras mulheres neste vale encantado. 

Criar um espaço onde possamos voltar à nossa essência, à escuta do corpo e da terra, ao apoio da sangha – comunidade.

Nenhum sonho se realiza do nada, cada passo no caminho define a qualidade dos nossos sonhos, por isso decidi que era hora de sair da minha zona de conforto para vos facilitar esta grande mudança que estou a viver.

O desafio do perfeccionismo e da vulnerabilidade

Achava que para gravar esta aula tudo teria de ser perfeito — luz otimizada, som audível e limpo, ambiente controlado. 

Pensei em gravar na minha casa, na aldeia, com todo o conforto, mas acabava sempre por adiar porque achava que algo não estava como queria, e que não ia ficar bom.

Até que em conversa com o Fred, ele me perguntou porque não fazia esta aula no vale.

No momento, a minha mente mostrou-me uma séria de razões para não fazer, vai haver barulho, o terreno é selvagem, a luz não vai ficar boa, etc. 

Mas, respirei fundo, meditei sobre esta nova experiência, como me iria fazer sentir, como iria fazer sentir as mulheres que vão assistir, e compreendi algo muito lindo. 

A essência selvagem do vale ensina-me que a abundância não habita a perfeição, mas sim a entrega genuína, a coragem de começar mesmo quando as condições não são as ideais.

E assim decidi que iria avançar, que iria gravar esta primeira aula na natureza, no meu vale das águas – como gosto tanto de lhe chamar. 

Esta decisão permitiu-me ultrapassar os obstáculos, que surgem sempre que estamos a fazer algo pela primeira vez e isso foi libertador.

Gravar a componente teórica, perto do riacho, no final deixou-me de lágrimas nos olhos, de gratidão. 

Gratidão por compreender que muitas vezes o nosso maior medo é viver o nosso sonho, mas que quando nos permitimos a vida compensa-nos de uma forma tão bela que não há nem palavras para descrever.

Gravar a aula pratica de yoga, com o sol a aquecer-me o corpo, a permitir-me sentir a força da sua luz, foi incrível. 

Senti-me guiada e sustentada ao longo de todo o processo, com a sensação plena de estar a fazer o certo, no momento certo, no lugar certo.