Culpa | No Feminino
Olá, sejam bem vindas a esta leitura semanal, onde partilho convosco ferramentas para uma vida cíclica natural e integralmente saudável.
Esta semana, trago-vos um tema, que acredito fazer parte do inconsciente colectivo feminino.
Ou seja, um tema que está presente em todas nós, quer queiramos, quer não.
Um tema que carregamos nas nossas células, em distorção da nossa verdadeira essência, por sermos mulheres.
Gostava de começar este artigo, colocando algumas questões para que possas iniciar esta leitura consciente do peso que este tema possa estar a ter na tua vida.
- Quantas vezes te desculpas por dia?
- Em que situações ?
- Com quem?
Há muito que a mulher se sente culpada.
Culpada de ser feliz, d90e ser infeliz, de ser bela, de ser feia, de ser mãe, de não ser mãe, de ter prazer, de não ter prazer, de trabalhar, de não trabalhar, de tirar tempo para si, de não tirar tempo para si, de cuidar dos que ama, de não cuidar suficientemente dos que ama, e por aí vai, a lista é interminável.
Mas de onde vem esta culpa toda?
A meu ver, vem das aprendizagens vividos desde a nossa infância; da nossa linhagem ancestral; de outras vidas e sobretudo do inconsciente colectivo feminino.
Enquanto crianças, crescemos numa espécie de neblina social, em que para sermos aceites temos de fazer tudo bem feito senão ficamos de castigo.
São várias as frases que escutamos, desde cedo, que nos fazem sentir culpadas.
"- não vistas isso, não te comportes assim, as meninas não dizem asneiras, as meninas não gritam, come senão ficas de castigo, lava os dentes senão ficas de castigo..."
Ficar de castigo faz nos saber, desde cedo, que fizemos algo de mal e somos culpadas.
Em crianças não temos a capacidade de resignificar esta culpa, e vamos carregando esta emoção como nossa ao longo da nossa vida adulta.
Chegamos à idade adulta empregadas desta culpa, a querer fazer tudo certinho, para sermos aceites.
Tornamo-nos verdadeiros carrascos de nós mesmas, com tanta culpa e tão pouca liberdade de sermos quem somos!
É importante sabermos que a culpa afecta directamente o nosso coração, e a nossa vitalidade.
Quando o nosso coração está em desiquilíbrio, o nosso chacra cardiaco não está a funcionar em pleno, sendo incapaz de expandir amor.
Sem uma boa dose de amor próprio, de autoconhecimento que nos permita ser humildes para conseguirmos nos desidentifcar com quem estamos a ser, de forma a alterar a forma como nos tratamos, e como nos vemos iremos sempre rejeitar quem somos através da culpa.
Precisamos de começar por aceitar as nossas verdadeiras necessidades, e agir em coerência ao longo das escolhas que fazemos.
Para além desta criança que vive em nós (se ainda não sabes que dentro de ti habita a tua infância inteira, onde falo da importância de acolhemos a nossa infância para a podermos resignificar enquanto adultas que somos.
Existem também as crenças da nossa linhagem ancestral, e sobretudo a força inegável do inconsciente colectivo feminino.
A culpa que reside na nossa linhagem reside em nós, por lealdade sistemica, até que façamos um acordo connosco mesmas para sermos diferentes, sem medo da critica ou do julgamento de quem mais amamos.
Quando nós mudamos tudo muda ao nosso redor!
Há muito tempo, que na história da humanidade, deixámos de nos respeitar e ser respeitadas pelas potências da nossa natureza cíclica, da nossa capacidade de criar vida na terra e dos nossos dons de maternar, cuidar e nutrir.
É preciso saber que a culpa, advém do pecado, do erro, da religião que nos tornou escravas de deuses exteriores a nós mesmas que nos punem e castram para sermos aceites e salvas.
Não precisamos seguir uma determinada religião para sentir culpa, basta que exista esta culpa no nosso colectivo para que seja nossa, caso não a identifiquemos e tomemos acções para a dissipar.
Tenho a certeza absoluta, que se escutassemos a nossa intuição ( ver artigo sobre a capacidade incrível da intuição na mulher ) em vez de apenas seguimos a nossa mente racional, automatizada pelos medos que nos assombram, com certeza não nos trataríamos tão mal, entre nós e muito menos a nós mesmas, com tanta culpa.
A culpa é uma forma de auto punição.
Se trabalharmos em nós, a verdadeira força do amor, por tudo o que somos e ainda não somos, aprendemos que este amor que nos habita, que nos move a cuidar, a dar colo e a nutrir, não é culpado, mas sim livre e incondicional.
Quando aceitamos quem somos, tal qual somos, abrirmos as portas para ser ainda mais, mais fortes, mais corajosas, mais conscientes, mais capazes.
É importante refletirmos nesta culpa colectiva que carregamos, enquanto mulheres, para a podermos legar formas diferentes de estar e ser, às gerações vindouras.
Não somos perfeitas, mas também não somos imperfeitas, somos quem somos e temos uma história passível de ser acolhida e amada tal qual é.
Podemos ser diferentes a qualquer instante, basta descobrirmos as origens dos sentimentos que carregamos que nos impedem de ser livres e verdadeiras para connosco mesmas e com o mundo em nosso redor.
Espero como sempre que este texto vos ajude a viver com maior leveza e consciência, o que se traduz em mais harmonia e equilíbrio.
Amor e Gratidão ❤🙏
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