Como a Infância Molda a Nossa Vida Adulta
Queridas leitoras, sejam muito bem-vindas a este espaço de partilha, onde exploramos ensinamentos de yoga e práticas de autoconhecimento que nos trazem equilíbrio e transformação emocional.
Estamos na Primavera, é tempo de reconhecer em nós mesmas algumas características, que talvez tenham ficado pelo caminho, mas que são imprescindíveis para uma vida mais harmoniosa e fluida.
No último artigo do blog vimos como a Primavera nos traz a força da nossa infância, recordando-nos essa fase da vida. é representada maioritariamente por momentos de espontaneidade, confiança, amorosidade, liberdade e coragem.
Antes de partilhar convosco como a infância nos molda, gostava que parassem um instante para se lembrarem de vocês mesmas em crianças.
Será que ainda se lembram do quanto víamos a vida cheia de possibilidades, do quanto acreditávamos que não havia limites para sonhar?
Será que se lembram da alegria que sentiam pelas pequenas coisas que se passavam ao longo do dia, pelas conquistas diárias, pela predisposição que tinham em conhecer algo de novo – as primeiras palavras, os primeiros passos, a primeira vez que corremos, que andámos de bicicleta?
Quando comecei a trabalhar em mim mesma, em processos de autoconhecimento, um dos maiores mergulhos que fiz foi dar-me conta das crenças que tinha trazido da infância e como elas estavam a afetar a minha vida adulta.
Nesse processo, comprometi-me a ser a única responsável pelos meus pensamentos, pelos meus sentimentos e ações.
Por isso, precisei de fazer várias perguntas a mim mesma, que hoje vos faço a vocês, para que possam compreender a importância de abraçarmos as crenças da nossa criança, essa que vive em nós desde sempre, e que talvez precise de um pouco mais de espaço para ser escutada e se possa expressar.
Desenvolvimento de uma Identidade - a Infância
A forma como vemos o mundo, como reagimos ao que sentimos e como nos relacionamos com os outros é profundamente influenciada pelas experiências que vivemos na infância.
Durante essa fase, a nossa mente absorve tudo o que nos rodeia – as palavras e atitudes dos pais (ou adultos responsáveis pelo nosso crescimento), a forma como a sociedade nos vê, e, até as expectativas que nos são impostas.
Durante essa fase, a nossa mente absorve tudo o que nos rodeia – as palavras e atitudes dos pais (ou adultos responsáveis pelo nosso crescimento), a forma como a sociedade nos vê, e, até as expectativas que nos são impostas.
No entanto, nem todas as mensagens que recebemos são positivas.
- Quantas vezes os adultos ao nosso redor nos disseram como "devemos" ser?
- Quantas vezes ouvimos que o que fazíamos não era bom o suficiente?
São estas percepções do mundo ao nosso redor que moldam a nossa visão de nós mesmas.
Gabor Maté, afirma que
"as nossas feridas emocionais mais profundas são formadas na infância, mas permanecem conosco até que as enfrentemos conscientemente".
Ele explica que, muitas vezes, na tentativa de recebermos amor e aceitação, aprendemos a reprimir partes autênticas de nós mesmas.
Essa adaptação gera padrões de comportamento que nos acompanham pela vida, como a necessidade de agradar os outros ou o medo de expressarmos as nossas verdadeiras emoções.
Além disso, Maté destaca que a ligação entre trauma e saúde física é profunda; emoções reprimidas e crenças limitantes podem manifestar-se em sintomas como: fadiga crónica, tensão muscular, ansiedade e até doenças autoimunes.
Na verdade, tudo o que nos traz desequilíbrio será trazido ao consciente de uma forma ou de outra, não adianta tentarmos ignorar as dores emocionais da infância, porque mais tarde ou mais cedo, o corpo irá encontrar formas de nos fazer ver que algo ainda precisa ser curado.
Nicole LePera, reforça esta visão ao afirmar que
"curar a criança interior é essencial para quebrarmos ciclos de comportamento e criarmos novas possibilidades para a nossa vida."
Segundo LePera, o nosso sistema nervoso aprende padrões desde a infância, o que significa que muitas das nossas reações automáticas hoje – como evitar conflitos, tentar ser perfeitas – vêm de aprendizagens inconscientes da infância.
Ela sugere que a prática da atenção plena, e, o desenvolvimento da autoconsciência são ferramentas poderosas para reprogramar esses padrões.
Ao identificarmos e questionarmos as crenças que nos foram impostas, damos um passo essencial para nos libertarmos dos condicionamentos do passado.
Se não estás familiarizada com o conceito de criança interior, deixo aqui uma explicação simples, e algumas formas de identificar as feridas da tua infância.
A criança interior é uma parte de nós que carrega memórias, emoções e crenças formadas na infância.
Muitas vezes, esta criança carrega feridas emocionais que não foram resolvidas, e, que se manifestam de forma perpetua na vida adulta, sem que tenhamos consciência disso, mas que influenciam a forma como nos relacionamos, tomamos decisões e nos vemos a nós mesmas.
Sinais de que a tua criança interior pode estar ferida:
- Dificuldade em confiar nos outros ou medo de ser rejeitada.
- Sentimento constante de não ser suficiente, mesmo quando tens sucesso.
- Medo de errar ou de desagradar os outros, resultando em autocrítica excessiva.
- Sensação de solidão, mesmo rodeada de pessoas.
- Bloqueios emocionais como raiva reprimida, tristeza inexplicável ou ansiedade constante.
Exemplos de como essas feridas aparecem no dia a dia:
• Sempre que recebes um elogio, sentes-te desconfortável e não acreditas realmente que és merecedora. Isso pode ser um reflexo de uma infância onde as tuas conquistas não foram valorizadas.
• Tens dificuldade em estabelecer limites e sentes culpa por dizer "não", porque aprendeste que o amor era condicionado à obediência.
• Procrastinas ou autossabotas oportunidades porque, no fundo, há um medo de falhar e de ser julgada.
Como começar a curar essa ferida:
- Criar um diálogo interno compassivo – Fala contigo como falarias com uma criança que amas. Sempre que te criticares, imagina que estás a falar com a tua versão mais jovem e oferece-lhe compreensão.
- Resgatar pequenas alegrias da infância – Dançar, desenhar, brincar ou fazer algo que te trazia felicidade pode ajudar a reconectar com essa parte de ti.
- Praticar meditação ou journaling – Escrever sobre as tuas emoções ou meditar pode ajudar a identificar memórias e crenças que ainda influenciam a tua vida.
- Apoio emocional – Programa terapêutico de autoconhecimento
Reconhecer e acolher a tua criança interior é um passo essencial para te tornares a mulher que desejas ser.
A cura começa no momento em que decides olhar para dentro com amor e aceitação.
Como o Yoga Pode Ajudar a Conectar com a Criança Interior
O yoga é uma prática maravilhosa para resgatar a liberdade e a espontaneidade da infância.
Muitas vezes, no dia a dia, o corpo fica rígido e preso às tensões, o que dificulta a conexão com a nossa verdadeira essência.
O yoga ajuda a libertar essas tensões e a nos reconectarmos com a nossa autenticidade.
Como tem vindo a ser hábito nos últimos artigos, deixo aqui algumas posturas de yoga.
Esta semana deixo posturas para ajudar a tua criança interior a manifestar as suas necessidades:
- Postura do Gato-Vaca (Marjaryasana-Bitilasana)
Esta postura permite-te explorar o movimento do corpo com fluidez e liberdade, tal como quando eras criança e te movimentavas sem receios.
Como fazer: Começa em posição de quatro apoios, com os joelhos alinhados com os quadris e os pulsos alinhados com os ombros. Ao inspirar, eleva o peito e o olhar para cima, arqueando ligeiramente a coluna (Bitilasana).
Ao expirar, arredonda as costas, levando o queixo em direção ao peito (Marjaryasana).
Benefícios: Liberta tensões na coluna vertebral, promove mobilidade e ajuda a criar uma ligação mais intuitiva com o corpo.
2. Postura do Berço (Hindolasana)
Uma postura de abertura de anca que promove relaxamento e acolhimento.
Como fazer: Senta-te no chão com as pernas estendidas.
Flexiona o joelho direito e coloca o pé direito sobre o antebraço esquerdo, segurando o joelho direito com a mão direita, como se estivesses a embalar uma criança.
Mantém as costas direitas e balança suavemente para sentir a abertura da anca. Repete do outro lado.
Benefícios: Aumenta a flexibilidade das ancas, liberta tensões emocionais acumuladas nessa região e promove uma sensação de acolhimento e autocuidado.
3. Postura do Bebê Feliz (Ananda Balasana)
Esta postura pode ser uma brincadeira para o corpo, permitindo-te soltar tensões acumuladas e recuperar a leveza de uma criança brincando.
Como fazer: Deita-te de costas, dobra os joelhos em direção ao peito e segura os pés com as mãos.
Afasta ligeiramente os joelhos e mantém a posição, balançando suavemente de um lado para o outro.
Benefícios: Liberta tensões da região lombar, alonga a parte interna das coxas e proporciona uma sensação de leveza e descontração.
Durante a prática, concentra-te na curiosidade e no prazer do movimento. Sem pressa, sem julgamento – permite-te apenas explorar o teu corpo e a tua essência.
A Importância da Desidentificação
- Conquista da Nossa Melhor Versão
À medida que crescemos e absorvemos todas as influências externas, perdemos o contato com a nossa verdadeira essência.
A desidentificação é o processo de deixar de ser quem acreditamos ser para reencontrarmos a nossa autenticidade.
Só deixando de lado as crenças que nos limitam, os padrões de comportamento e as expectativas dos outros podemos descobrir a nossa verdadeira essência.
Para conquistar a nossa melhor versão, precisamos de voltar à espontaneidade da nossa infância, desconstruir as máscaras e resgatar a liberdade que um dia tivemos.
O Caminho de Volta a Ti
Ao resgatar a nossa criança interior e identificar as suas feridas emocionais, damos um passo importante na cura das crenças que limitam o nosso potencial.
A prática do autoconhecimento, é essencial para libertarmos as emoções reprimidas e nos tornarmos mais leves, confiantes e autênticas.
Se sentiste curiosidade, ou até algum desconforto, ao refletir sobre as tuas feridas da infância, este é o momento de te dares a oportunidade de curar essa parte tão preciosa de ti mesma.
O meu programa de autoconhecimento foi criado para te apoiar nesse processo.
Através de práticas de yoga, meditações e exercícios introspetivos, juntas podemos explorar essas feridas emocionais, entender as suas raízes e trabalhar para que possas manifestar a versão mais leve e verdadeira de ti mesma.
Estás pronta para dar esse passo de transformação?
Se sim, não percas mais tempo.
Inscreve-te no programa ,e, começa agora a jornada de resgate da tua melhor versão em total confiança.
Se este artigo te fez sentido, se te trouxe insights, se te motivou, não deixes de o partilhar com as mulheres da tua vida.
Com Amor
Su