Aceitar quem és
Aqui e agora, fortalece a tua autoestima
Nesta jornada de verão, que temos feito juntas, começámos a abrir espaço para que o amor se expanda nas nossas vidas.
Já escutámos o tom com que falamos connosco mesmas, e, recordámos que somos merecedoras do melhor que a vida tem para nos oferecer.
Agora, é tempo de Olhar para o presente e dizer:
"eu aceito-me tal qual sou"
Valida o caminho que percorreste
Muitas mulheres, acreditam que para se valorizarem, precisam de gostar de tudo em si mesmas.
Mas, a verdadeira autoestima nasce quando deixamos de lutar contra quem somos.
Quando consegues dizer:
"Ainda não estou onde queria, mas admiro tudo o que fui capaz de ultrapassar."
"Não preciso ser perfeita, só preciso de me sentir integra."
"Tenho medo, mas este medo já não me impede de me amar."
Estes reconhecimentos, são solo fértil para admirarmos o percurso que nos trouxe há mulher que somos hoje.
E, aqui começa a confiança no que a vida tem para nos oferecer, em respeito por quem somos.
Autoestima é aceitar quem somos.
Confiança é acreditar no caminho.
Aceita quem és
Aceitar quem és não significa desistir de mudar.
Pelo contrário, é um acto de coragem que abre espaço para a transformação genuína.
Quando acolhes quem és — com todas as tuas histórias, desafios e conquistas — com todas as tuas imperfeições - a energia para avançar na mudança que precisas, flui com muito mais leveza e autenticidade.
No yoga, há uma metáfora que nos lembra de
- "começar a cada dia, exatamente onde estamos".
B.K.S. Iyengar, explica que
"a prática do yoga não é sobre forçar o corpo a fazer algo que não está pronto. É sobre encontrar a liberdade e o crescimento dentro das limitações do momento presente."
Assim é, também a nossa jornada pessoal, afinal não se trata de ser perfeito, mas de sim de ser inteiro, com tudo o que somos hoje.
- Acolhe tudo em ti — até as partes que te limitam
Muitas abordagens terapêuticas sugerem silenciar, as vozes que nos limitam para que deixem de nos influenciar.
Existem métodos em que encerramos os personagens destas vozes em salas escuras, ou em que lhes gritamos que se calem, por não terem direito a falar, para podermos assumir o comando.
Para mim, estes métodos promovem a rejeição de partes de nós mais vulneráveis em nome de uma positividade que, muitas vezes, é apenas aparência.
Falo com conhecimento de causa: já vivi este tipo de abordagem e sei como pode tornar-nos rígidas e impiedosas connosco mesmas.
Acredito que as partes a que chamamos sombra, existem com um único propósito, o de nos proteger; como guardiãs que tentam manter-nos seguras.
Claro que, esta proteção muitas vezes é distorcida e bastante limitante, mas não acredito que rejeitarmos estas partes nos torne verdadeiramente livres.
Acredito que qualquer parte de nós merece o nosso amor, e o amor inclui não exclui.
Quando aceitamos a intenção por detrás, de determinada parte de nós mesmas, criamos espaço para avançar no caminho, com o melhor da nossa essência: a compaixão e a bondade.
Acredito na integração do corpo, mente e alma — luz e sombra — mas em verdade, compaixão e humanidade.
Integrar todas as partes de nós — as que nos potenciam e as que ainda nos magoam — é essencial para construir uma autoestima sólida e uma confiança enraizada num amor que não exige condições para existir.
Um amor íntegro, real, que acolhe tudo o que somos.
Até, porque tudo o resto são apenas projeções e julgamentos aprendidos, que nos afastam da verdade do nosso ser.
Perfeição e imperfeição: uma ilusão da mente
Por estranho que possa parecer, a ideia de "perfeito" ou "imperfeito" não são verdades absolutas.
Na verdade, estes conceitos que tantas vezes defendemos como bandeiras, são apenas construções da mente, formadas por julgamentos que fomos aprendendo ao longo da vida.
Desde cedo, fomos ensinadas a associar valor a determinados comportamentos, formas de ser ou de estar — e a rejeitar tudo o que não se encaixa nesses padrões. Aprendemos, por exemplo, que:
- ser produtiva é bom, mas precisar de descansar é fraqueza.
- ser gentil é virtude, mas dizer "não" é egoísmo.
- ter dúvidas é sinal de insegurança, quando na verdade é apenas parte do processo humano.
Estas ideias, repetidas ao longo do tempo, acabam por moldar o nosso "filtro interno" — uma espécie de lente através da qual nos vemos e avaliamos a vida.
Sem consciência, este filtro tende a tornar-se rígido e limitado, alimentando padrões de autodepreciação e exigência, em que começamos a acreditar que só temos valor se correspondermos a determinados ideais — e tudo o que foge a isso é julgado como fraqueza, falha ou imperfeição.
Mas este filtro pode (e deve) ser revisto com o tempo.
Quando cultivamos o autoconhecimento, tornamo-nos capazes de criar um filtro mais consciente — não para nos julgarmos com tanta severidade, mas sim podermos discernir, com compaixão, o que realmente nos nutre, o que nos faz crescer e o que já não nos serve.
Este tipo de discernimento, é essencial para sairmos da ilusão de que temos de ser perfeitas para sermos dignas.
A dualidade "perfeito/imperfeito" nasce deste lugar: de um ideal inatingível, construído a partir das expectativas externas, e não da nossa sabedoria interior.
A verdade é que esta dualidade é uma ilusão — uma ilusão que nos afasta da aceitação genuína de quem somos.
Em essência, ninguém é só luz ou só sombra, ninguém acerta sempre nem falha permanentemente.
Somos um conjunto de experiências, aprendizagens e intenções. Estamos sempre em construção.
A beleza da vida não está em atingir uma versão idealizada de nós mesmas, mas sim, em nos permitirmos viver o processo, com curiosidade, autenticidade, amorosidade e presença.
Não somos apenas "fortes", "frágeis", "boas" ou "más". Somos todas essas camadas e também o que existe entre elas.
Somos tudo o que existe, tudo o que vemos dentro e fora de nós.
A prática do yoga revela-nos isso com extrema delicadeza: há dias em que nos sentimos abertas, expansivas, cheias de energia; mas também há dias em o corpo nos pede recolhimento, silêncio e escuta.
E está tudo bem!
No yoga, tal como na vida, não existe uma forma "certa" ou "errada" de estar.
Tudo é um convite para regressarmos a casa — ao centro de nós mesmas — onde tudo pode ser acolhido sem julgamento.
E, é nesse espaço seguro e amoroso que, pouco a pouco, nos transformamos, para nosso bem e para o bem maior.
Honrar as tuas imperfeições, é integrar de forma amorosa o teu processo único de crescimento e transformação.
Prática de Yoga
Na semana passada, terminamos a nossa prática de yoga, na postura do Herói, como símbolo da força interior que nos sustenta.
Esta semana, levamos essa força um passo mais além — não para fazer mais, mas para honrar o lugar onde estamos.
Em Supta Virasana, o Herói deitado, permitimo-nos descansar nessa força, quando o fazemos de forma progressiva.
Rendendo-nos ao momento presente, através de uma escuta ativa das necessidades do nosso corpo.
Supta Virasana - Postura do Herói Reclinado
Experimenta sentar-te de joelhos, entre os calcanhares, mantendo a coluna ereta e os ombros relaxados.
Caso não seja possível, coloca um bloco de yoga debaixo das nádegas, para ficares à altura que te é possível.
Respira fundo algumas vezes, conectando-te ao momento presente.
Descida progressiva - Supta Virasana:
Apoia as tuas mãos no chão, e inclina-te para trás lentamente e gentilmente, controlando o teu movimento, para que possas sentir até onde podes ir, aqui e agora.
Pára onde o teu corpo pede — podes ficar sentado, apoiar as mãos, deitar apenas um pouco ou completamente no chão.
Se necessário, usa almofadas ou blocos para apoiar as costas, e acentuar menos a descida.

Rendimento e acolhimento:
Quando estiveres confortável, deixa os braços relaxarem ao lado do corpo ou sobre o abdómen.
Mantém o olhar suave, fecha os olhos, e permite que o peito se abra.
Respira profundamente, acolhendo o teu lugar em ti mesma, hoje.
Escuta ativa do corpo:
Permanece alguns minutos (de 1 a 5, conforme o que seja confortável para ti, agora) e observa as sensações.
Se algo não estiver confortável, volta um pouco para trás ou usa mais apoio. Cada dia será diferente — honra o que o teu corpo pede.
Para sair, desta postura, usa as mãos para te apoiar e levanta-te lentamente, sentando de novo em Virasana para perceber as mudanças no teu corpo e mente.
Aviso: Esta postura não é aconselhável, para quem tem problemas nas articulações dos joelhos.
No entanto, podes sempre adaptar-te com almofadas entre os joelhos e tornozelos para aliviar a tensão, ou descer apenas até onde for confortável.
O importante é respeitar os avisos do teu corpo.
Ritual de escrita – honra a tua história, aceita quem és
Depois da prática de Supta Virasana, onde acolheste o teu corpo ao momento presente, senta-te confortavelmente no teu espaço sagrado (ver artigo valoriza o teu espaço ), com um caderno e uma caneta.
Fecha os teus olhos por um instante, e recorda as sensações que surgiram durante a postura: o que o teu corpo te pediu?
Onde sentiste acolhimento?
Que emoções sentiste?
Que pensamentos chegaram à tua mente?
Agora que estas ciente de ti, responde sem censura, deixando fluir o que brotar de ti:
- Que partes da minha história hoje reconheço como valiosas?
- Quais os passos, que já dei e merecem ser celebrados?
- Que aspetos de mim, aceito com amor e paciência, respeitando o tempo que o meu corpo e mente precisam?
Depois, lê em voz alta as tuas palavras, sentindo a energia de valorização e aceitação que criaste no corpo e na mente.
Afirmações que ajudam a fortalecer a autoestima
A verdadeira transformação começa quando criamos novas memórias no corpo.
E uma forma de isso acontecer, é repetindo, com presença e verdade, afirmações que ressoam com quem desejamos ser.
Para começares a valorizar a tua história e aceitares quem és, escolhe uma afirmação que possas repetir com consciência, até que cada célula do teu corpo a reconheça como verdadeira.
Escolhe uma das frases abaixo — ou cria a tua própria — e repete-a diariamente:
- "Sou suficiente, exatamente como sou."
- "Honro o meu caminho e acolho o meu processo."
- "A minha história é a base da minha força."
- "Confio no tempo e no ritmo do meu crescimento."
Aceitar quem és - é um gesto de amor e respeito por ti mesma.
É reconhecer que a tua história faz parte da mulher que te tornaste — e que não precisas ser mais nada para começares a confiar em ti.
Cada passo, por mais pequeno que pareça, merece ser honrado.
Porque é no momento presente, e não numa versão idealizada de ti, que a verdadeira transformação acontece.
Se este artigo te ajudou, partilha-o com outras mulheres que possam estar com dificuldades em aceitar quem são.
Com Amor
Su