A Vida Não É Uma Luta

12-03-2025

Acreditar que a vida é uma luta, não nos leva ao sucesso

Bem-vindas a este espaço de partilha, onde exploramos ensinamentos de yoga e práticas de autoconhecimento, que nos trazem equilíbrio e transformação emocional.

Como vocês sabem, nestas últimas semanas, temos estado a refletir em como as crenças que herdámos das mulheres da nossa linhagem influenciam a nossa vida atual.

A semana passada, vimos quanta culpa carregamos quando tentamos nos priorizar

Esta semana, vou mostrar-vos uma outra crença herdada, bem comum à grande maioria das mulheres, o impacto que tem na nossa vida, acreditarmos que a vida é cheia de sacrifício.

O Peso do Sacrifício

Para conseguirmos algo na vida, precisamos de muito sacrifício!

Com certeza, que já ouviste esta frase. Mas, quantas vezes te apanhaste a vivê-la como se fosse uma verdade absoluta?

Na verdade, desde pequenas, que somos ensinadas a acreditar que nada se consegue sem sofrimento e muito sacrifício pessoal. 

Esta é mais uma crença que herdamos de geração em geração, sendo profundamente reforçada pelas histórias das mulheres que vieram antes de nós.

A questão que iremos desmistificar ao longo deste artigo é se esta é a única forma que temos para viver, e quais as consequências deste tipo de crença nas nossas vidas.

Comecemos por descobrir um pouco mais da origem desta crença:

O Sacrifício faz-nos Acreditar Que a Vida É uma Luta Constante pela Sobrevivência

Convido-vos a refletir nestes três aspectos, da origem desta crença: 

  • A necessidade de sobrevivência da nossa linhagem feminina.
  • A conquista de igualdade, através do perfeccionismo e controlo
  • A crença de que a abundância é para os outros, não é para nós.

Ao longo da história, muitas mulheres foram forçadas a sacrificar os seus sonhos e necessidades para garantir a sua própria sobrevivência, não apenas física, mas também emocional e social.

Esse sacrifício, embora necessário, gerou a sensação de perda, tanto individual quanto coletiva. 

Refletir sobre como essas mulheres se viam e como isso se reflete em nós, é a base do caminho do autoconhecimento.

A realidade é que hoje, ainda perpetuamos o sofrimento que essas mulheres passaram, sem mesmo nos darmos conta. 

Ficou tão impregnado em nós que a vida é dura, que atualmente ainda muitas mulheres acreditam que precisam de "lutar" constantemente, seja por espaço, reconhecimento ou felicidade.

Mas, a questão é que esta mentalidade de luta ensina-nos algo muito limitador, que é não sermos merecedoras de uma vida próspera e abundante, porque isso é só para gente privilegiada.

Nos dias de hoje, trabalhar arduamente e renunciar aos prazeres da vida, ainda são vistos como virtudes, e a meu ver esse é o caminho que nos leva a assistir a cada vez mais mulheres com depressões, esgotamentos nervosos, burnout, para não falar da eterna sensação de solidão, cansaço e ansiedades que os resultados do sistema mundial de saúde nos fazem conhecer.

Acredito, que todas temos o direito a uma vida plena, em qualquer aspecto sejam relacionamentos, saúde ou mesmo finanças. 

Mas, para isso precisamos de nos responsabilizar pelo tipo de pensamentos que nutrimos, e se o que pensamos não nos permite acreditar que só por estarmos vivas já somos merecedoras, então com certeza iremos perpetuar a dor dos sacrifícios das nossas ancestrais.

Não acredito, que tenhamos vindo à vida para sofrer, sei por experiência que passamos por muitos desafios que provocam dor, mas acredito profundamente que a nossa essência não é perpetuar essa dor com sofrimento e sacrifício. 

A nossa essência é de nos ultrapassarmos para transpor os desafios que a vida nos oferece, com uma fé inabalável (ver artigo - coragem) de que tudo tem a sua razão de ser, e que se estamos vivas é para ser felizes, prosperas no nosso crescimento através das forças do amor e da gratidão por todas as experiências pelas quais possamos passar.

Partilho tudo isto, porque precisamos saber que existe uma diferença muito grande em viver uma dor e perpetuar o sofrimento dessa dor; seja numa crença herdada, seja numa crença construída na nossa infância, seja num momento doloroso da nossa vida adulta. 

Vejamos alguns aspectos desta reflexão:

  1. A dor é natural e inevitável em certos momentos da vida, mas o sofrimento prolongado geralmente vem da resistência à mudança. Reconhecer essa diferença permite-nos escolher um caminho mais consciente, libertando-nos de padrões que já não nos servem.
  2. Muitas vezes, mantemos crenças ou relações porque acreditamos que abandoná-las seria desrespeitoso com a nossa história ou ancestralidade. No entanto, podemos honrar a nossa trajetória sem carregar fardos desnecessários, permitindo que a transformação aconteça com amor e respeito.
  3. Sentir uma emoção não significa que precisamos nos identificar com ela para sempre. Podemos acolher a tristeza, a raiva ou o medo, permitindo que sejam processados e liberados, sem que essas emoções definam a nossa identidade.
  4. Libertar-se do sofrimento não significa negar o que aconteceu, mas sim dar um novo significado à experiência. Podemos transformar dores em aprendizagem e criar novas formas de viver as nossas histórias.

Este não é um tema de uma só mulher, este é um tema de todas nós, se queremos ver mudanças na nossa sociedade que respeitem os direitos da essência da Mulher enquanto Mulher e enquanto Mãe.

Claro que, as mulheres que nos precederam viveram tempos onde sobreviver significava, muitas vezes, sacrificarem-se. 

O trabalho duro, a renúncia e a luta eram essenciais. 

Mas, por lealdade a esta crença, com o passar do tempo, fomos mantendo a mesma postura, mesmo quando para a grande maioria de nós a realidade seja tão diferente. 

O medo de não sermos vistas como merecedoras ainda nos leva a querer provar o nosso valor através do esforço excessivo, e isto vem do facto de acreditarmos no nosso interior que na verdade não somos mesmo merecedoras.

Como Esta Crença Impacta o nosso Presente?

  • Vivemos na insatisfação permanente: Sentimos que nunca temos o suficiente, que é preciso sempre mais esforço.
  • Somos perfeccionistas e controladoras: O medo de falhar faz-nos querer ser perfeitas e controlar tudo e todos em nosso redor.
  • Somos Hiper-racionais: Confiamos apenas na lógica, estamos totalmente desconectadas da nossa intuição, ou seja, vivemos de costas voltadas ao que sentimos ser melhor para nós mesmas.

Sintomas que o corpo nos mostra, de que estamos a nutrir Esta Crença

Segundo Inna Segal, no seu estudo sobre a linguagem do corpo, quando carregamos crenças de sacrifício excessivo, o nosso corpo dá vários sinais, como:

  • Problemas respiratórios (como falta de ar ou aperto no peito) – relacionados à sensação de estar sempre pressionada, sem espaço para simplesmente existir.
  • Tensão no maxilar e dores de cabeça – resultado do esforço constante para "aguentar" tudo como uma guerreira, e da constante repressão de emoções.
  • Dores nas articulações, especialmente nos joelhos – dificuldade em flexibilizar-se perante a vida, sentindo que tudo tem de ser conquistado com muito esforço.
  • Cansaço nos olhos e visão turva – dificuldade em ver caminhos mais fáceis e alternativos, insistindo na dureza da vida.
  • Alterações no ciclo menstrual – quando vivemos em constante stress e sacrifício, o corpo pode sentir que não é seguro ser mulher ou até ser fértil.

A Guerreira da sobrevivência

A crença de que a vida é um sacrifício, leva as mulheres a se tornarem "guerreiras de sobrevivência", em constante luta para garantir que as suas necessidades básicas sejam atendidas, que os seus entes queridos sejam cuidados, e que o mundo à sua volta funcione de acordo com as expectativas externas.

Esta mentalidade de sobrevivência advém de contextos de opressão, desigualdade de gênero e responsabilidades sociais excessivas.

O papel da guerreira de sobrevivência está associado à masculinização da energia feminina, especialmente na ideia de que a mulher precisa "agir como um homem" para ser valorizada.

Essa energia de luta constante, de controlo e de ação incessante, em muitos casos, acaba por anular as qualidades do feminino, como a intuição, a receptividade, a criatividade e a fluidez. 

A mulher "guerreira" pode se distanciar da sua energia mais suave e intuitiva, sentindo-se como se precisasse sempre demonstrar sua força em detrimento de seu equilíbrio emocional.

Para podermos libertar esta crença, precisamos de começar por ter consciência absoluta que a vida não precisa ser um sacrifício constante e que nós mulheres não precisamos de ser sempre fortes, para sermos respeitadas e valorizadas.

Para mim, o autoconhecimento é a chave para nos libertarmos desta crença de guerreiras da sobrevivência. 

Quanto mais aprofundamos nas crenças que nos foram transmitidas, e na nossa própria história, mais facilmente identificamos os padrões de sacrifício que aprendemos e mais facilmente podemos escolher não os perpetuar.

No programa de autoconhecimento , trabalhamos com meditações ativas e práticas de , que nos ajudam a reconectar com estes padrões herdados, de forma a nos conectarmos com essência da nossa verdadeira guerreira, que nos ensina a confiar em nós mesmas de forma coerente e equilibrada. 

Se sentes que tens estado a viver a guerreira da sobrevivência e gostavas de libertar esta crença, mas sentes que sozinha não é fácil, convido-te a enviar-me uma mensagem para vermos juntas como organizar o programa de autoconhecimento à tua medida.

Outro aspecto muito importante do autoconhecimento, é sabermos que sempre que manifestamos na nossa vida uma crença limitante (ver artigo sobre crença limitante), ela esconde algo mais profundo que são as nossas feridas emocionais. 

E por trás da crença de que a vida só é justa para quem se sacrifica, existe a ferida do não merecimento de que já começamos a falar anteriormente, mas que vos apresento resumidamente, em seguida:

Ferida da Indignidade: "Não sou merecedora"

  • Acreditamos que não somos naturalmente dignas de receber coisas boas sem esforço extremo.
  •  Vemos o descanso, o prazer e a abundância como prémios "ganhos" e não como direitos naturais.
  •  Colocamos os outros sempre em primeiro lugar para validar o nosso valor.

5  Passos para Resignificar Esta Crença

  1. Perceber que esta crença é uma defesa, não um destino.
  2. Aprender a confiar mais e controlar menos.
  3. Aceitar que o valor pessoal não depende do sacrifício.
  4. Abrir-se para a abundância e para uma nova forma de viver.
  5. Pensar na vida como um sucesso, e viver esse sucesso em tudo o que nos acontece

Prática de Yoga: A Força da Guerreira

O yoga é composto de várias áreas, uma delas, a mais conhecida são os ásanas, ou posturas. 

Uma postura que gosto muito de trabalhar em mim mesma, e nas minha aulas e sessões é a postura da Guerreira, por nos ajudar a compreender o equilíbrio entre força e suavidade.

Por isso preparei uma sequência com três variantes da postura da guerreira, onde podemos sentir o despertar do nosso brilho interno, da confiança em nós mesmas, reduzindo sensação de luta e guerra interior.

Passo a Passo da Sequência das Guerreiras:

  • Postura da Guerreira II (Virabhadrasana II)
  1. Começa em pé na parte da frente do tapete. 
  2. Dá um passo grande para trás com o pé direito, alinhando-o paralelo à borda do tapete. O pé da frente (esquerdo) fica apontado para a frente.
  3. Dobra o joelho esquerdo a 90 graus, garantindo que não ultrapasse o tornozelo.
  4. Mantém os braços abertos na linha dos ombros, com as palmas das mãos voltadas para baixo.
  5. Olha para a mão esquerda e mantém a respiração estável por algumas respirações.
  • Postura da Guerreira Invertida (Viparita Virabhadrasana)
  1. Mantendo a base da Guerreira II, gira a palma da mão esquerda para cima.
  2. Inclina o tronco para trás, elevando o braço esquerdo em direção ao teto enquanto a mão direita desliza suavemente pela perna direita.
  3. Mantém o olhar para a mão de cima ou para o lado, conforme for confortável.
  4. Respira profundamente, sentindo o alongamento ao longo do lado esquerdo do tronco.

Postura da Guerreira Submissa (Baddha Virabhadrasana)

1. Volta para a Postura da Guerreira II.

2. Entrelaça as mãos atrás das costas, juntando as omoplatas e abrindo o peito.

3. Mantendo a base firme, inclina o tronco para frente e em direção ao joelho da frente, levando os braços para cima e para longe das costas.

4. Relaxa a cabeça na direção do pé da frente e respira profundamente.

Para sair da sequência, solta as mãos, inspira subindo o tronco, e volta ao centro antes de voltar a fazer tudo para o outro lado.

Benefícios Físicos e Emocionais, desta sequência:

• Fortalece o corpo: trabalha pernas, core e braços, melhorando a resistência e a estabilidade.

• Aumenta a confiança: postura expansiva que estimula o empoderamento pessoal.

• Liberta tensões: especialmente no peito, ombros e quadris, onde acumulamos stress emocional.

• Ajuda na concentração e foco: essencial para direcionar a energia de forma equilibrada.

• Reduz a necessidade de luta constante: ensinando-nos a encontrar força na flexibilidade e na entrega.

Meditação Ativa através de escrita consciente

Cria um momento acolhedor para refletires sobre:

"O que acontece quando deixas de sentir que ser uma guerreira não é lutar com a vida, mas sim conquistar a tua melhor versão dia após dia?"

Imagina-te daqui a 3 anos, a viver a vida dos teus sonhos. 

Imagina cada detalhe dessa vida, com quem estas, o que estas a fazer, onde moras, o que gostas de fazer, etc. 

Após teres dado asas à tua imaginação, escreve uma carta do teu "EU" do futuro ao teu "EU" do presente a contar como a tua vida mudou desde que mudaste de perspetiva sobre a crença do sacrifício e como és imensamente grata por todos os passos de confiança que tiveste a coragem de dar, quando seguiste a tua intuição.

A linhagem feminina carrega histórias, padrões e crenças que moldam a nossa visão do mundo. 

Muitas dessas heranças são valiosas, mas outras podem tornar-se fardos que carregamos sem perceber. 

O reconhecimento desses padrões é o primeiro passo para uma vida mais consciente e alinhada com a nossa verdadeira essência.

Ao compreendermos a influência da nossa linhagem e escolhermos conscientemente o que queremos manter, abrimos espaço para uma nova versão de nós mesmas – mais livre, autêntica e conectada com a nossa essência.


Chegámos ao fim deste artigo, espero que tenha sido uma mais-valia na tua vida e processo de transformação pessoal. 

Gostava de te convidar a refletir sobre a tua própria história familiar e como ela te moldou, e se tiveres vontade partilha comigo a tua experiência (link – contactos). 

Adoraria saber como esta reflexão ressoou em ti!

Se conhecesses mulheres a viver esta crença, não deixes de partilhar este artigo com elas.

Com Amor

Su

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